De Vinicius de Moraes, "Soneto de Carnaval"
Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um
patético tormento
Pensar nele é morrer
de desventura
Não pensar é matar
meu pensamento.
Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante
perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado é
uma tortura
Um ciúme do próprio
ciumento.
E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto
breves vão-se os anos
Para a grande partida
que há no fim
De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranquila ela
sabe, e eu sei tranquilo
Que se um fica o
outro parte a redimi-lo.
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