Não é a primeira vez que escrevo sobre pobres e pobreza no nosso país.
E se o caso não fosse tão grave diria, como na anedota, “sobre este assunto tenho duas coisas para contar, uma boa e uma má. Qual querem ouvir primeiro?”.
Digo-vos, então, primeiro, a Boa : Desde 2000, quando a União Europeia assumiu o compromisso de lutar contra a pobreza, Portugal foi o país da Comunidade em que o número de pobres mais caiu.
Agora, a Má : Mesmo assim, estamos dois pontos acima da média dos outros Estados-membros.
Apesar de termos conseguido alguns resultados positivos, a verdade é que Portugal tem actualmente um milhão e 800 mil cidadãos que vivem com um salário mensal de 360 euros, ou seja, no limiar da pobreza.
E estes números dizem respeito apenas aos chamados “pobres tradicionais”, nomeadamente os idosos com pensões baixíssimas, os desempregados e os que têm os denominados “salários low cost” que, para além de ínfimos, são resultantes de empregos de grande precariedade.
Mas, para além desses e de todos os outros de quem sem diz “terem uma pobreza envergonhada” – aqueles que não constam para as estatísticas - começaram a aparecer há uns tempos os “novos pobres”´, estes, vítimas das múltiplas crises nacionais, internacionais e dos azares da própria vida que desabaram sobre as suas cabeças, e que, mesmo com empregos e com ordenados fixos, já não conseguem honrar os seus compromissos pessoais e familiares.
Todos eles a viverem situações de uma aflição excessiva e, a maior parte, a sobreviver com quase nada. Daí já não nos admirarmos que sejam cada vez mais as pessoas que recorrem ao auxílio das instituições de solidariedade social.
Uns por que passam pela pobreza sem serem pobres mas a maioria com o destino inevitavelmente traçado de sofrerem as agruras da miséria extrema.
Perante tal “sorte” cabe ao Estado e à Sociedade acudir a quem está em situação tão difícil. Sem desconfianças mas com um olhar atento para evitar ou minimizar os casos de abuso e de fraude.
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