quinta-feira, abril 16, 2009

Eles nunca mentem …

Publicado no Diário da República, 1.ª série, nº. 60, de 26 de Março de 2009:


“7 — A palavra do Deputado faz fé, não carecendo por isso de comprovativos adicionais. Quando for invocado o motivo de doença, poderá, porém, ser exigido atestado médico caso a situação se prolongue por mais de uma semana”.


Claro que não ponho em causa a palavra dos deputados nem a sua boa-fé. Apenas me interrogo sobre o que levou aqueles senhores a aprovarem uma lei que só os abrange a eles e que constituiu uma situação de privilégio relativamente aos outros trabalhadores quer do Estado quer do privado.

Não posso deixar de achar estranho que os empregados da função pública que “metam parte de doente” tenham cinco dias para entregar um atestado médico porque, se não o fizerem, arriscam-se a ter um processo disciplinar às costas, enquanto que para os senhores deputados basta a sua palavra para justificar as faltas até sete dias.

Deputados não são funcionários públicos, dirão. É verdade. Só que ao cidadão comum é difícil perceber porque é que a palavra, a seriedade, que se reconhece aos deputados vale mais do que a palavra e a seriedade dos outros.


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