O início da chamada “Crise Académica de 1969”, em Coimbra, aconteceu há precisamente 40 anos, feitos na passada sexta-feira, dia 17.
Muito resumidamente, recordo que o mal-estar na Universidade e no país já se vinha sentindo há tempos, reflexo provável do que acontecera em Maio de 68 em França. Mas o que se passou de facto no dia 17 de Abril de 1969 na inauguração do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra foi que, o então Presidente da Direcção-Geral da Associação Académica, Alberto Martins, levantou-se para pedir a palavra e o Presidente da República, Américo Tomás, não lhe ligou peva e encerrou a sessão sem ouvir o que os estudantes tinham para lhe dizer.
O que se passou a seguir foi o que a rapaziada daquele tempo já estava habituada. Nessa mesma noite a PIDE prendeu Alberto Martins, durante a madrugada registaram-se confrontos com a polícia de choque e a “crise” começou. Houve luto estudantil e os jovens universitários começaram a usar as aulas – e não só – para locais onde discutia a situação que se vivia no país. Em 6 de Maio a Universidade foi encerrada por decisão governamental. E tudo porque a vontade dos estudantes era querer uma “Universidade Nova num Portugal Novo”.
Vejam por esta breve descrição como havia uma enorme vontade de mudança e a forma como este Abril (de 1969) prenunciou, também, o Abril que viria poucos anos mais tarde, em 1974.
Mas esta lembrança de um tempo da nossa história recente tem um outro objectivo. É que a efeméride que agora recordei foi aproveitada por uma estação de rádio para fazer um inquérito aos jovens que hoje frequentam a Universidade de Coimbra, em que se pretendia apurar se sabiam o que tinha sido a “crise académica de Coimbra em 69”.
Inquiridos universitários de várias Faculdades, incluindo os de História, ninguém fazia a mais pálida ideia do que é que se estava a falar. Nem um. Perdão, houve um brasileiro, a estudar em Portugal desde o início do ano lectivo, que conseguiu articular o que de mais relevante tinha acontecido naquele longínquo ano de 1969. Saravá meu irmão!
Penso que a culpa desta enorme falha de informação não poderá ser atribuída apenas aos jovens. Provavelmente, a maior quota-parte da responsabilidade deve ser imputada a quem pensa e dirige a educação em Portugal, nomeadamente na elaboração das matérias que fazem parte dos programas escolares oficiais. E quando, no ensino, se passa por cima de factos que foram relevantes na nossa História, ainda por cima contemporânea, então pomo-nos a questionar porque é que, afinal, ficamos tão surpreendidos?
Muito resumidamente, recordo que o mal-estar na Universidade e no país já se vinha sentindo há tempos, reflexo provável do que acontecera em Maio de 68 em França. Mas o que se passou de facto no dia 17 de Abril de 1969 na inauguração do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra foi que, o então Presidente da Direcção-Geral da Associação Académica, Alberto Martins, levantou-se para pedir a palavra e o Presidente da República, Américo Tomás, não lhe ligou peva e encerrou a sessão sem ouvir o que os estudantes tinham para lhe dizer.
O que se passou a seguir foi o que a rapaziada daquele tempo já estava habituada. Nessa mesma noite a PIDE prendeu Alberto Martins, durante a madrugada registaram-se confrontos com a polícia de choque e a “crise” começou. Houve luto estudantil e os jovens universitários começaram a usar as aulas – e não só – para locais onde discutia a situação que se vivia no país. Em 6 de Maio a Universidade foi encerrada por decisão governamental. E tudo porque a vontade dos estudantes era querer uma “Universidade Nova num Portugal Novo”.
Vejam por esta breve descrição como havia uma enorme vontade de mudança e a forma como este Abril (de 1969) prenunciou, também, o Abril que viria poucos anos mais tarde, em 1974.
Mas esta lembrança de um tempo da nossa história recente tem um outro objectivo. É que a efeméride que agora recordei foi aproveitada por uma estação de rádio para fazer um inquérito aos jovens que hoje frequentam a Universidade de Coimbra, em que se pretendia apurar se sabiam o que tinha sido a “crise académica de Coimbra em 69”.
Inquiridos universitários de várias Faculdades, incluindo os de História, ninguém fazia a mais pálida ideia do que é que se estava a falar. Nem um. Perdão, houve um brasileiro, a estudar em Portugal desde o início do ano lectivo, que conseguiu articular o que de mais relevante tinha acontecido naquele longínquo ano de 1969. Saravá meu irmão!
Penso que a culpa desta enorme falha de informação não poderá ser atribuída apenas aos jovens. Provavelmente, a maior quota-parte da responsabilidade deve ser imputada a quem pensa e dirige a educação em Portugal, nomeadamente na elaboração das matérias que fazem parte dos programas escolares oficiais. E quando, no ensino, se passa por cima de factos que foram relevantes na nossa História, ainda por cima contemporânea, então pomo-nos a questionar porque é que, afinal, ficamos tão surpreendidos?
2 comentários:
A história contemporânea não entra nos programas de história. A História exige sempre uma certa distânciação.
Estou de acordo consigo, caro anónimo, a História requer alguma distanciação temporal. Mas, no caso da “Crise Académica de 1969”, passaram já 40 anos, o que considero um período de tempo suficiente para que se exija um melhor conhecimento dos factos mais relevantes. Portanto, não lhe chamemos “conhecimento histórico”, digamos apenas, se preferir, que se trata de conhecimento, de saber.
Aliás, não acha que o 25 de Abril de 1974 - o que lhe deu origem, a acção militar, os protagonistas e as mudanças que se verificaram – tem que obrigatoriamente constar nos manuais escolares e ser devidamente explicado aos jovens?
Mesmo sem entrarmos em especulações de cariz ideológico, todos reconhecemos que a revolução dos cravos alterou profundamente a nossa forma de viver e, naturalmente, o país. Por isso é necessário o seu estudo, apesar de terem passado apenas 35 anos.
Saudações cordiais.
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