domingo, junho 21, 2009

Lobo ou cordeiro?

Era inevitável abordar aqui o tema da suposta mudança de estilo do Primeiro-Ministro José Sócrates, verificada após a derrota das recentes eleições europeias.

“Partidarites” à parte, o que julgo mais interessante questionar é o que de facto terá mudado, se é que alguma coisa mudou. E até agora não consegui perceber qualquer alteração nem de estilo nem sequer, e principalmente, de substância no discurso de Sócrates.

A entrevista que concedeu à SIC Notícias não é suficiente para conseguirmos vislumbrar um novo José Sócrates. Aliás, deixa-nos um tanto ou quanto “abazurdidos” como é que ele que até tinha estado de tarde no Parlamento em acesa discussão com a oposição, num debate que venceu (é o que dizem os analistas), enérgico e acusador tal como sempre o conhecemos, conseguiu umas horas depois, transfigurar-se num ser delicado e doce onde só faltou vermos a auréola por cima da sua cabeça.

Não se iludam, porém, nem vão atrás das frases sempre inspiradas de Paulo Portas que dá a entender que o “animal feroz” se transformou em “português suave”, nem na professoral afirmação de Francisco Louçã “quem tem duas caras não tem cara nenhuma”.

Aquilo a que assistimos na SIC foi a uma entrevista mole, feita por uma jornalista branda, sussurrante e sem chama, tudo num cenário harmonioso e calmo e onde as provocações ficaram à porta do estúdio.

Assim sendo, Sócrates foi igualmente calmo, bem-educado e bem longe do tal “animal feroz” que dizem ser. Isso aconteceria sem dúvida se a entrevista tivesse sido conduzida por Judite de Sousa ou por Ricardo Costa. Aí sim, as chispas teriam saltado e por certo não teríamos tido a oportunidade de ver a tal auréola por cima da cabeça do Primeiro-Ministro.

De resto, penso que só os ingénuos acreditariam que a poucos meses de eleições, qualquer governante cometeria o suicídio de se sujeitar a uma metamorfose. Não há tempo para isso e as pessoas não veriam com bons olhos que, de repente, depois de uma derrota eleitoral e próximo de mais duas eleições importantes, alguém se desse ao trabalho de tentar passar por aquilo que não é.

E depois, com toda a franqueza, para que é que serve uma eventual mudança de estilo de Sócrates se as suas políticas, ao que parece, não irão ser alteradas? Afinal, em breve iremos votar em políticas (em programas) e não em personalidades. Ou não será?

2 comentários:

NÃO MAIS CORRUPÇÃO! disse...

O Sócrates e restantes políticos têm que mudar na passividade em relação à corrupção.

Ajudem a combater a corrupção e a fazer pressão para termos leis e políticas intransigentes relativamente a esta.

Divulguem o site http://www.naomaiscorrupcao.org, onde se denunciam inúmeros casos, e assinem a petição http://www.peticao.com.pt/anti-corrupcao

provocador disse...

Olha que o Sócrates na tal entrevista disse:

“Estou muito satisfeito comigo”

Se isto é de um português suave, vou ali e já venho.