Há uns anos, orientava uma acção de formação destinada a recém-admitidos numa empresa financeira. Como é costume nestas coisas, quis saber quem eram, de onde vinham e qual a formação académica de cada um. Maioritariamente eram jovens licenciados em Gestão, Economia, Direito e Informática, mas uma das formandas era licenciada em … Inseminação Animal.
Recordo que senti algum espanto em constatar que alguém tão preparado em matéria tão específica fosse trabalhar numa área que, em princípio, nada tinha a ver com aquilo para que tinha estudado.
Pois na semana passada li nos jornais um anúncio de emprego do Instituto Financeiro para o Desenvolvimento Regional (IFDR), que tem a seu cargo a aplicação dos fundos europeus FEDER e Fundo de Coesão. E, como requisito, exigia-se formação superior em Economia ou Gestão mas também em … História ou Antropologia.
Afinal, então como agora, sempre existe a possibilidade de se poderem “encaixar” outros saberes em funções que, presumivelmente, apenas estariam reservadas aos especialistas em (neste caso) Economia e Gestão.
Mesmo sem ser desconfiado, tanta “generosidade” coloca-me algumas dúvidas. Se há montanhas de desempregados licenciados em Gestão e Economia porque carga de água é que o anúncio abre a porta a outras aptidões que pareceriam ser melhor direccionadas para outros misteres? Ou será que havia alguém a quem fora prometido o lugar mas que era formado em História ou Antropologia?
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