Não sei se alguma vez vos falei do Sr. Rodrigues, um dos donos de um café que frequentei durante vários anos. O Sr. Rodrigues, um homem a atirar para o obeso e de bigode farfalhudo, é o típico português do bota a baixo, um ás do queixume, que sempre acaba qualquer tentativa de conversa com um “isto só acontece em Portugal”. Mais um cidadão que fundamenta as suas doutas opiniões na ignorância do que se passa lá fora.
Não vejo o Sr. Rodrigues há algum tempo mas, certo de que não terá mudado, quase podia jurar que o corte dos subsídios de férias e de Natal dos próximos dois anos lhe poderia sugerir o tal “isto só acontece em Portugal”, dito de forma inflamada e absolutamente inquestionável.
Enganar-se-ia, porém, mais uma vez.
De facto, nem todos os países têm essa prática. Se é verdade que países como a Espanha, a Itália, a França e a Holanda têm esses subsídios, se bem que os valores não sejam em todos os casos do mesmo montante dos ordenados mensais, outros há que esse tipo de benesses não existem. É o caso, por exemplo, dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da Irlanda. Já na Alemanha existe uma gratificação - que não é um direito – cujos montantes não são fixos. Ainda há casos como a Hungria, em que nunca houve um 14º mês mas o 13º já existiu e foi retirado em 2009, precisamente quando o país foi “ajudado” pelo FMI. Isto para já não falar dos inúmeros países que nunca ouviram falar em vencimentos adicionais.
Esta é a realidade do que se passa lá fora e que mostra que, afinal, não estamos tão mal como isso. O que não invalida que sintamos um mal-estar pelo corte parcial do subsídio de Natal deste ano e com o corte dos dois, nos dois próximos anos (pelo menos). Mal-estar, desolação, incomodidade, o que lhe queiram chamar. Mas o fundamental da questão nem é, na minha perspectiva, retirarem-nos dois meses de salário em cada ano. O que nos deve preocupar mesmo é o baixo nível salarial da maioria dos portugueses e o desemprego. Mas isso levar-nos-ia a outras reflexões …
1 comentário:
Não esquecer que a matemática, isto é a aritmética já foi inventada há um tempito. Pois, no geral para as empresas certamente haverá dificuldades de tesouraria, digamos 2 meses pro ano, altura em que se pagarão os tais 13.º e 14.º meses, todavia a contabilidade avalia as contas durante um período de um ano. Assim o que conta efectivamente são os resultados finais. E esses dependem mais do nível de desempenho dos gestores das ditas, e no nosso caso do baixo índice de PRODUTIVIDADE.
Com estes LABREGOS "GESTORES" (e são a maioria deste país), nem a trabalhar 25 horas por dia!
Já agora, parece que empresas anglo-saxónicos, pagam à semana! Mas pelos visto pagam numa semana aquilo que o Zé Tuga recebe em cada mês. Mesmo que sejam 14, como dizia o Engenheiro, - é fazer as contas!
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