As coisas têm vindo a piorar. Todos os dias vamos sabendo de novos impostos, de perdas (que dizem ser temporárias mas que sabemos se irão prolongar sei lá até onde), algumas que julgávamos há muito serem um direito adquirido. As condições de vida estão a deteriorar-se significativamente e a angústia e o desespero está a atingir proporções preocupantes. A vida de todos nós está a ficar insuportável.
Nos últimos meses, então, sempre que alguém anuncia uma nova medida de austeridade, acrescenta-lhe que será provisória durante ou até uma data qualquer.
Este ano vamos ficar sem cerca de 50% do 13º mês. Um corte provisório. Já depois de termos digerido este anúncio, fizeram-nos saber que em 2012 e 2013 os nossos subsídios de férias e de Natal irão à vida. Mais um corte provisório que pode, no entanto, “eternizar-se” durante mais uns anos (embora o Ministro das Finanças tenha dito ontem, em entrevista à RTP, que estas medidas não poderão perpetuar-se por motivos legais. Só que as leis mudam). E temo (fico arrepiado só de imaginar) que a partir de dois mil e qualquer coisa, algum Governante pense na possibilidade de começarmos a pagar – não sei se de forma provisória ou já definitiva – ao Estado o correspondente aos subsídios que agora nos foram esbulhados. Entenderam bem, não é não irmos receber, é sermos nós a pagar. E certamente que o faremos sentindo, palavra por palavra, os versos do Sérgio Godinho “com uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes”.
É que, para mim, os “Provisórios” eram, até há uns anos, apenas uma marca de tabaco.
Bem que os pacotinhos de açúcar do Café Nicola já andavam a mentalizar-nos: “Um dia ficamos sem subsídios de férias e de Natal”. E não é que tinham razão?
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