Ainda anteontem referia aqui a forma como se continua a fazer política em Portugal. Volto hoje ao tema para abordar a recente polémica das obras da Parque Escolar. E isto porque o Ministro da Educação, Nuno Crato, pessoa por quem tenho simpatia, foi ao Parlamento informar que houve uma derrapagem de 447%, alegadamente apurada pela Inspecção-Geral de Finanças, com os custos de reconversão e melhoramento das nossas instalações escolares.
Má gestão dos recursos públicos, desperdício, ostentação, mania das grandezas terão estado na origem de tamanha derrapagem, atribuída, já se sabe, ao Governo anterior.
Só que, e ao que consta, esse “desvio colossal” é bem mais pequeno e anda na casa dos 66% e, mesmo assim, tem várias atenuantes. Como sejam, a meio do processo ter aumentado a idade escolar obrigatória e a mudança da legislação europeia energética e ambiental. Coisas de “somenos” mas que, naturalmente, levou a custos acrescidos.
Descontando a enorme discrepância entre os números apontados para a derrapagem (447% ou 66%?) e as muitas críticas a vários aspectos do projecto é de assinalar, contudo, os elogios de muitos directores das 181 escolas já requalificadas ou em vias disso. E todos reconhecem que as instalações são mais modernas, agradáveis e onde apetece trabalhar, com laboratórios altamente apetrechados e equipamentos ao nível do melhor do que existe em estabelecimentos de ensino na Europa.
Mesmo que verificados alguns excessos em todo este projecto, parece ser consensual que o nosso parque escolar é bem melhor hoje do que há uns anos atrás, quando muitos edifícios estavam completamente degradados e mesmo em ruínas. Porque não, então, admitir o esforço feito pelo Governo anterior em prol de quem se esforça por melhorar o ensino no nosso país ou usufruir dele? Mas não foi isso que aconteceu com a intervenção do Ministro. Antes preferiu denegrir os seus antecessores e, pior, manipulou indevidamente as conclusões de uma auditoria. Assim, não é possível fazer-se uma política séria em Portugal.
1 comentário:
"foi jornalista, escritor, dramaturgo, tradutor, cartoonista. Mas era, antes de mais, um humorista, que marcou a Cultura brasileira do último século. "
In http://www.publico.pt/Cultura/morreu-o-escritor-e-humorista-brasileiro-millor-fernandes-1539742
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