Uma semana depois da tão badalada iniciativa dos 50%
de desconto do Pingo Doce, continuam no ar as interrogações sobre o que, de
facto, se passou.
Apesar do patrão Alexandre Soares dos Santos ter afirmado
que não tinha tido conhecimento da campanha (?), a verdade é que ela aconteceu
e exactamente num dia em que, em princípio, não deveria ter ocorrido. Mas isso
são contas de um outro rosário que poderemos discutir outro dia.
A aparente irracionalidade de uma campanha deste tipo (eu
achei que o aconteceu foi um tanto ao quanto degradante) puxou pela
racionalidade dos cidadãos que viram a oportunidade de, num só dia, poderem
equilibrar os seus parcos orçamentos. E para quem não se importou de passar
largas horas em filas, em ir de madrugada para as portas dos supermercados ou
em enfrentar uns quantos empurrões, ter a possibilidade de comprar por metade
do preço foi como uma dádiva dos céus. Também poderemos discutir outro dia se toda
esta “bondade” não será paga mais tarde.
Contudo, muitas perguntas continuam sem resposta. Por
exemplo, quem vai suportar o prejuízo dos 11 milhões de euros respeitantes aos
50% do desconto, se o Pingo Doce ou os produtores? Ou se vai haver mesmo uma
condenação, se for provado (e parece que já ninguém terá dúvidas sobre isso),
que muitos dos produtos foram vendidos abaixo do preço de custo, o que é crime.
Portanto, das duas, uma. Ou os produtos foram vendidos
abaixo do custo ou as margens de lucro não são compatíveis com as declarações
fiscais apresentadas. Facto que parece não ter incomodado o Ministro da
Economia que disse compreender a situação que, de resto, é comum noutros
países. Pois é, Álvaro, mas estamos em Portugal e, aqui, a lei da concorrência
estabelece que isso é ilegal.
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