A resposta à falta de condições em Portugal – desemprego, precariedade e maus salários – aliada ao apelo constante dos responsáveis para que os cidadãos emigrem, aí está. Setecentos médicos e enfermeiros estão a ser recrutados para ir trabalhar para França onde os espera melhores horários, melhores salários (o dobro do que ganham cá) e progressão na carreira.
E as coisas estão-se a precipitar. Depois do Secretário de Estado da Juventude dar o mote ao indicar a emigração aos jovens que não conseguissem arranjar trabalho por cá foi o próprio Primeiro-Ministro que apontou a porta de saída aos professores e até lhes traçou a rota: os países de língua portuguesa e, em especial, Angola e Brasil (curiosamente o Governo Brasileiro logo fez saber que não está a importar docentes). Entretanto, o poderoso Ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, sem admitir, contudo, que estava a aconselhar a emigração de tantos portugueses, não deixou de dizer que “estes emigrantes são uma fonte de orgulho e demonstram que sempre que os portugueses têm uma visão universalista têm sempre sucesso". E, insaciável, o mesmo Relvas enfatizou há dias que a estratégia das Universidades deve ser formar talentos para emigrar (!!!!!). Esta última afirmação de Relvas foi a cereja no topo do bolo. Dar como normal que os contribuintes paguem a formação dos jovens para que, mais tarde e por falta de condições em Portugal, eles vão aplicar o que aprenderam noutros países.
Por essas e por outras é que aí há tempos o social-democrata Paulo Rangel sugeriu a criação de uma agência nacional para ajudar os portugueses que queiram emigrar. Está tudo esquematizado. Em nome da incapacidade de quem nos governa e de uma agenda ideológica que já não escondem.
E, vendo bem, esta emigração desenfreada poderá trazer muitas “vantagens” para o Governo: haverá menos desempregados e menos subsídios de desemprego, mais (eventualmente) remessas de emigrantes e uns bons milhares de pessoas a menos nas manifestações de rua, dos “indignados” aos da “geração à rasca”.
Uma estratégia “do vai-te embora” que é, no mínimo, sinistra.
Subscrevo, por isso, o que li algures “mandar para fora os que não cabem no país é uma declaração de impotência que não fica bem a um Governo. Um executivo que aconselha a emigração não acredita no seu país”.
Sem comentários:
Enviar um comentário