A investigação publicada ontem pelo jornal "Público" sobre empresários estrangeiros, vítimas de extorsão e de ameaças na Guiné Equatorial, deu especial enfoque ao caso do empresário italiano Roberto Berardo que foi preso e torturado naquele país "só" por ter questionado a gestão (e o desvio de fundos) de uma empresa criada com o filho do Presidente Obiang. Aliás, como se sabe, para que alguma empresa estrangeira possa investir naquele país, uma das condições impostas é que um dos membros da família presidencial seja Presidente ou faça parte da Administração da mesma. Esta é apenas uma "peculiaridade" de um país com altíssimos níveis de corrupção a começar pelo próprio Presidente, Teodorin Obiang, ele próprio acusado de corrupção e compra de bens e propriedades, através de práticas criminosas.
E é este país - a Guiné Equatorial - que vai entrar este mês para a CPLP como membro de pleno direito. O Presidente Obiang é esperado no próximo dia 23 de Julho em Díli, na cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Nesta reunião de alto nível deverá ser formalizada a adesão do país como membro de pleno direito depois de, em Fevereiro passado, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos oito países lusófonos terem aprovado a entrada da Guiné Equatorial por considerarem que a antiga colónia espanhola cumpriu o roteiro previsto para os direitos humanos.
E a grande questão é: mesmo que esse tal roteiro tenha sido cumprido, isso seria o bastante para que um país deste calibre seja membro da CPLP? Mas há mais:
Recordo o que aqui escrevi em Julho de 2008, já lá vão 6 anos. "... a CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – é uma organização formada por oito países lusófonos – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Nos seus estatutos existe uma regra fundamental que tem que ser escrupulosamente respeitada, que é, “qualquer país que faça parte desta comunidade tem que ter o Português como língua oficial”.
" ... a associação (CPLP) tem como lema “A Língua Portuguesa: Um Património Comum, Um Futuro Global".
Direitos Humanos e Língua Portuguesa à parte (nem um nem outro são, de facto, cumpridos) o que é que nos faz acolher um país como a Guiné Equatorial? Como diria o outro ... mistério ... ou talvez não!
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