quinta-feira, julho 17, 2014

O estranho caso do Estudo desaparecido



Sempre gostei de romances policiais e de mistério. A bem dizer "devorei" os livros de Agatha Christie e, no cinema, rendi-me por completo ao Mestre dos filmes de suspense Alfred Hitchcock. Mas na vida real as coisas acontecem e o que aparentemente nos faz acreditar em determinado desfecho, vem-se a constatar que, por insondável mistério, afinal, têm um fim diferente.

Por exemplo, ainda há pouco se julgava que os ilícitos cometidos no Grupo Espírito Santo eram da responsabilidade de determinadas pessoas e, vistas as coisas, o único culpado (dizem) era o desgraçado do contabilista ... "elementar, meu caro Watson".

Exactamente como aconteceu no caso de um certo estudo que foi encomendado por um antigo director da cultura da Câmara Municipal de Lisboa à irmã da sua então companheira, trabalho esse que custou 27,8 mil euros mas que, desgraçadamente, nunca apareceu. Mas como se não fosse bastante o desaparecimento de um estudo que foi pago pelo Município, outras questões relevantes foram colocadas e deu direito a um processo em tribunal. Coisas tão pueris como saber a utilidade desse estudo (saber sobre os direitos de autor do espólio do poeta Fernando Pessoa) e os porquês de ter sido concedido por ajuste directo à sua cunhada e a uma sua amiga, ambas ex-colaboradoras da Câmara.

O processo durou 5 anos e o Tribunal acabou por absolver os três ex-funcionários da Câmara de Lisboa. Os juízes concluíram que "o preço pago era justo e proporcionado" mas ... azar dos azares, o estudo não foi visto por qualquer pessoa além dos arguidos. Desapareceu, simplesmente. Como desapareceram da Tesouraria Municipal os 27,8 mil euros.

Mas há um detalhe que é importante: Segundo garantiu o tal director da CML, quando saiu da autarquia, no final de 2008, ele deixou o estudo em cima da secretária, mas o documento nunca foi visto por qualquer pessoa. Portanto ...

Portanto, a culpada só pode ter sido a senhora da limpeza que, sem querer, deitou o dossier para o lixo. "Elementar, meu caro Watson".

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