terça-feira, novembro 04, 2014

Ora até qu'enfim que há alguém que me compr'enda ...



Disse repetidas vezes ao longo de anos que EU não era capaz de, simultaneamente, ouvir música (ainda que de fundo), ler e estar com atenção ao que se ia passando na televisão. Não tinha - e não tenho - essa capacidade (e duvidava até que alguém a tivesse) de estar atento a várias coisa ao mesmo tempo, porque pensava que, assim, não prestaria a devida atenção a uma só coisa que fosse. Disse-o aos mais novos (que estavam sempre ligados em tudo) e aos mais velhos que diziam acompanhar a rapaziada e juravam ter arcaboiço suficiente para estar em todas ao mesmo tempo. Eram capacíssimos de ter múltiplas aplicações abertas e de saltitar de umas para outras com uma perna às costas ou liam ou estudavam em companhia de um CD de rock da pesada. E quase todos gozavam com esta minha falta de predisposição assumida.

Então não é que ao ler um dos blogues que sigo habitualmente vi uma referência a um tal Daniel J. Levitin, psicólogo, neurocientista e escritor americano, um "velho" nascido em 1957, que sobre este assunto dizia coisas como:

... “saltar” constantemente de uma tarefa para outra exige um enorme dispêndio de energia mental e tem consequências extremamente negativas para o pensamento conceptual e crítico, ao mesmo tempo que reduz a criatividade e a tomada de decisões (…).todos nós gostamos de acreditar que conseguimos fazer várias coisas ao mesmo tempo e que a nossa atenção é infinita, o que corresponde a um mito persistente. Aquilo que realmente fazemos é mudar o nosso estado de atenção de uma tarefa para outra, o que resulta no facto de não devotarmos uma verdadeira atenção a nada ou diminuirmos a qualidade da mesma aplicada a qualquer que seja a tarefa. Quando nos concentramos em fazer apenas uma tarefa de cada vez, ocorrem alterações benéficas no nosso cérebro ...

Ora até qu'enfim que há alguém que me compr'enda ...

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