Um destes dias ao almoço, dizia-me uma amiga:
“é bom que escrevas no blog sobre certos assuntos, nomeadamente sobre aqueles que têm a ver com os abusos e as injustiças que acontecem na nossa sociedade. Sabes, nós andamos um bocado distraídos e muitas vezes não prestamos atenção às notícias. Assim, estás a dar um contributo importante para nos manteres acordados”.
Ora bem, fiquei então a saber que este espaço, se outro mérito não tiver, pelo menos, ele serve para ajudar os meus amigos a estarem mais despertos (é assim como um café duplo que se bebe pelas quatro da manhã), porque sempre se vai aproveitando para denunciar certas injustiças (como dizia a minha amiga) e, naturalmente, para ajudar a criar ou a manter uma consciência cívica e política que nós, enquanto povo, temos a obrigação de preservar.
E já que falamos nisso, aproveito justamente para exprimir a minha revolta perante algumas desigualdades gritantes.
Finalmente vai arrancar este mês o chamado “complemento solidário” que foi uma das bandeiras eleitorais do Partido Socialista. O PS comprometeu-se até ao fim da legislatura, que não haveria um só idoso a viver com menos de 300 euros por mês.
A atribuição desta ajuda – muito aguardada por quem quase nada tem, mas insignificante para um país onde a distribuição da riqueza é um escândalo – será faseada, mas acredita-se que um terço dos 900 mil idosos visados, começará já este ano a receber o tal “complemento”.
Perceberam bem, meus amigos, em Portugal estima-se que 900 mil idosos têm menos de 300 euros por mês, mas, em compensação, soube-se também esta semana, que 9 gestores do Banco Comercial Português (BCP) ganham, cada um deles, 250 mil euros por mês, isto para além dos seguros e dos planos de reforma que o Banco lhes assegura e que os vão ajudar a viver um pouco mais dignamente.
Eu repito, agora em escudos, para que se perceba ainda melhor. 900 mil portugueses idosos têm por mês para sobreviver menos de 60 contos e apenas 9 gestores de um Banco conseguem viver com uns modestos 50 mil contos por mês, fora as outras mordomias.
Desigualdade? Injustiça? Eu chamar-lhe-ia vergonha nacional, de um país que permite uma discriminação tão escandalosa, chocante e obscena entre os seus cidadãos.
Mas, meus amigos, se conseguiram resistir a esta “pequena injustiça”, então tomem lá outra que também veio a público esta semana.
A Câmara Municipal de Lisboa comprou em 2003 para o seu garboso presidente de então, Santana Lopes (quem mais havia de ser, pois então?), um carrinho para as suas deslocações, um modesto Audi topo de gama, que custou à autarquia 115 mil euros (mais de 23 mil contos). Três anos depois, ninguém o quer utilizar, seja pelo medo da ostentação ou, simplesmente, porque o “bicho” bebe 18 litros aos cem. Vai daí a CML teve que leiloar o carro. No primeiro leilão, a CML pediu 62.500 euros e ninguém o quis. Agora, o Audi de alta cilindrada, com um potente motor V8 e caixa automática de seis velocidades vai novamente à praça por uns bem mais modestos 56.250 euros a ver se alguém lhe pega.
Perante isto, o que dizer? Injustiça? Acho que será pouco…
Sem dúvida que a minha amiga tem razão. De quando em vez é preciso agitar as pessoas e acordá-las da letargia em que o nosso dia a dia nos transformou. É necessário gritar, gritar, gritar de revolta!
“é bom que escrevas no blog sobre certos assuntos, nomeadamente sobre aqueles que têm a ver com os abusos e as injustiças que acontecem na nossa sociedade. Sabes, nós andamos um bocado distraídos e muitas vezes não prestamos atenção às notícias. Assim, estás a dar um contributo importante para nos manteres acordados”.
Ora bem, fiquei então a saber que este espaço, se outro mérito não tiver, pelo menos, ele serve para ajudar os meus amigos a estarem mais despertos (é assim como um café duplo que se bebe pelas quatro da manhã), porque sempre se vai aproveitando para denunciar certas injustiças (como dizia a minha amiga) e, naturalmente, para ajudar a criar ou a manter uma consciência cívica e política que nós, enquanto povo, temos a obrigação de preservar.
E já que falamos nisso, aproveito justamente para exprimir a minha revolta perante algumas desigualdades gritantes.
Finalmente vai arrancar este mês o chamado “complemento solidário” que foi uma das bandeiras eleitorais do Partido Socialista. O PS comprometeu-se até ao fim da legislatura, que não haveria um só idoso a viver com menos de 300 euros por mês.
A atribuição desta ajuda – muito aguardada por quem quase nada tem, mas insignificante para um país onde a distribuição da riqueza é um escândalo – será faseada, mas acredita-se que um terço dos 900 mil idosos visados, começará já este ano a receber o tal “complemento”.
Perceberam bem, meus amigos, em Portugal estima-se que 900 mil idosos têm menos de 300 euros por mês, mas, em compensação, soube-se também esta semana, que 9 gestores do Banco Comercial Português (BCP) ganham, cada um deles, 250 mil euros por mês, isto para além dos seguros e dos planos de reforma que o Banco lhes assegura e que os vão ajudar a viver um pouco mais dignamente.
Eu repito, agora em escudos, para que se perceba ainda melhor. 900 mil portugueses idosos têm por mês para sobreviver menos de 60 contos e apenas 9 gestores de um Banco conseguem viver com uns modestos 50 mil contos por mês, fora as outras mordomias.
Desigualdade? Injustiça? Eu chamar-lhe-ia vergonha nacional, de um país que permite uma discriminação tão escandalosa, chocante e obscena entre os seus cidadãos.
Mas, meus amigos, se conseguiram resistir a esta “pequena injustiça”, então tomem lá outra que também veio a público esta semana.
A Câmara Municipal de Lisboa comprou em 2003 para o seu garboso presidente de então, Santana Lopes (quem mais havia de ser, pois então?), um carrinho para as suas deslocações, um modesto Audi topo de gama, que custou à autarquia 115 mil euros (mais de 23 mil contos). Três anos depois, ninguém o quer utilizar, seja pelo medo da ostentação ou, simplesmente, porque o “bicho” bebe 18 litros aos cem. Vai daí a CML teve que leiloar o carro. No primeiro leilão, a CML pediu 62.500 euros e ninguém o quis. Agora, o Audi de alta cilindrada, com um potente motor V8 e caixa automática de seis velocidades vai novamente à praça por uns bem mais modestos 56.250 euros a ver se alguém lhe pega.
Perante isto, o que dizer? Injustiça? Acho que será pouco…
Sem dúvida que a minha amiga tem razão. De quando em vez é preciso agitar as pessoas e acordá-las da letargia em que o nosso dia a dia nos transformou. É necessário gritar, gritar, gritar de revolta!
3 comentários:
Às tantas esses gestores do BCP merecem o dinheiro que ganham. Se o seu trabalho corresponder a lucros para o banco superiores ao seu salário, não é injusto.
É a regra de funcionamento das empresas (excepto das públicas), o trabalho de cada um tem que dar um contributo superior ao salário da pessoa para a empresa ter lucro e continuar a existir.
Eu conheço demasiado bem as regras de funcionamento das empresas privadas. E é por isso que eu estou em perfeita sintonia consigo ao considerar que se o Banco obtiver resultados muitíssimos bons, é justo que pague também muitíssimo bem a esses gestores. O que me parece é que o Banco não é tão generoso para com os outros (alguns outros) funcionários que também são extraordinários mas que, apesar de terem contribuído grandemente para os resultados do Banco não auferem um vencimento minimamente compatível.
Quanto às empresas públicas e ao próprio Estado as coisas estão-se a alterar, ainda que em ritmo menos veloz. E o exemplo é o Director Geral dos Impostos que foi contratado pela Drª. Manuela Ferreira Leite, que ganha uma pipa de massa mas que, face aos resultados que tem conseguido com a recuperação de muitos milhões de euros, eu acho que ele merece o dinheiro que ganha.
Mas o meu texto tinha uma outra preocupação. Sem querer contestar os méritos profissionais dos senhores gestores do BCP e o que eles ganham, o que eu queria era realçar a grande discrepância da distribuição da riqueza em Portugal, o que leva a que poucos ganhem demasiado e a maioria sobreviva com uma miséria.
Conhecerá, com certeza, e em várias actividades, belíssimos trabalhadores que são dedicados, sacrificados, que “dão o litro” pelas empresas, e que muito embora os resultados apurados nos Modelos de Gestão indiquem que esses trabalhadores se distinguiram largamente de outros da mesma empresa, a sua recompensa é irrisória e não chegará, nem lá por perto, ao que ganham os gestores dessas mesmas empresas.
Quanto a mim, é a questão de um peso e de duas medidas.
Não estou inteiramente de acordo contigo. Depois de uma breve pesquisa que fiz junto de alguns blogs, devo dizer-te que a maioria deles serve para pornografia e sexo. Outros há que “apenas” filosofam, outros ainda dissertam sobre amores perdidos e almas flutuantes. Agora, um blog como o teu (e não estou a lisonjear-te, que até nem te conheço) tem, na minha modesta opinião, servido para alertar consciências e tornar-nos a todos um pouco melhores, enquanto cidadãos e enquanto pessoas. Isto, para além da tua forma de escrever ser simples, subtil, sarcástica e ter humor
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