Os funcionários públicos que tenham, pelo menos, 55 anos de idade vão poder reformar-se antecipadamente com apenas 30 anos de serviço a partir de 2009, tal como já acontece hoje com os trabalhadores do sector privado.
Mas já em 2008, haverá um regime transitório que faz depender a passagem à aposentação (antes da idade legal) de 33 anos de descontos, independentemente da idade. Até agora, o mecanismo das reformas antecipadas só estava ao alcance dos trabalhadores com 36 anos de casa.
Eis uma boa notícia para quem tanto anseia reformar-se. Claro está que, depois, existem uma série de penalizações que se lhes aplicam por não terem ainda os 37 anos de serviço e completado os 65 anos de idade.
Mas, o que é que isso interessa? É certo que não levam a reforma por inteiro mas, em contrapartida, antevêem a abertura de múltiplas portas onde espreitam as oportunidades e a possibilidade de novas vidas.
Quando temos pela frente a perspectiva de ciclos que se abrem, e em que vamos poder, finalmente, ter mais tempo para nós e a possibilidade de começar a gerir a nossa vida em função das nossas necessidades, quem é que pensa na redução das futuras pensões?
Uma coisa sabemos, vamos ler mais, vamos viajar mais, vamos muitas mais vezes ao cinema e visitar os amigos, vamos pôr em ordem todas aquelas colecções que fomos apenas juntando durante toda a vida, vamos, enfim, colocar as fotografias espalhadas pelas gavetas nos álbuns respectivos.
E continuaremos a levantarmo-nos à hora de sempre? Claro que não, mais duas horas de sono nunca fizeram mal a ninguém. Tudo isto, para além de, a partir de agora, podermos ser o patrão de nós próprios, de não ouvirmos reprimendas quando o chefe está mal disposto ou de termos que enfrentar a careta que ele faz quando chegamos dois minutos atrasados.
VAMOS, enfim, SER LIVRES. SER LIVRES!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não há quem esteja na vida activa e não tenha este tipo de desejos e ambições. São absolutamente naturais e revelam, na maioria dos casos, o cansaço de tantas correrias, da falta de tempo para tudo o que se quer fazer, nomeadamente, a falta de tempo para dedicar à família, aos amigos e ao lazer.
E o esgotamento aflige-nos de tal forma, que nem sequer damos valor a tantas coisas boas que também nos vão acontecendo ao longo dos anos.
Mas o sonho da reforma é muito grande e conseguir estar reformado até aos 55 anos é o objectivo da maioria dos trabalhadores. Alcançar a reforma ainda com saúde, com vontade de viver, de fazer coisas, de, porque não, aceitar novos desafios, embora com condições de exigência diferentes, ter tempo para a descoberta de si próprio, dedicando-se a actividades até então impensáveis por total falta de disponibilidade, é a aspiração de quem leva uma vida a trabalhar.
Tudo isso é natural. A liberdade que, finalmente, se conseguirá alcançar embriaga-nos e, com o passar do tempo, torna-se cada vez mais preciosa e não há valor que a pague.
Mas, atenção, como costumo dizer, nem tudo são vitórias.
E por ter dado de caras com um anúncio publicado recentemente no caderno de emprego de um semanário, que vinha, de certa forma, dar alguma consistência às faces de uma moeda a que chamaremos reforma, decidi partilhá-lo convosco. E vejam se eu tinha, ou não, razão.
Dizia o tal anúncio a pedir emprego:
SOU – Eng.º IST, 58 anos, reformado.
De início, foi bom. Agora é péssimo.
FUI – Director Industrial, Geral e Administrador
Líder organizado, bom senso, línguas.
PRECISO – Em tempo parcial, voltar à vida activa
ACEITO – Montantes baixos, sem vínculo
Resposta ao n.º .........
Nesta coisa das reformas, como acontece tantas vezes na vida, existem várias perspectivas por onde as situações podem ser analisadas. E nesta, a da ânsia de se alcançar a reforma, não tenho grandes dúvidas que, qualquer que seja o lado por onde se considere a nossa opção ou o nosso desejo, verificaremos mais tarde que, independentemente da decisão tomada, manteremos sempre uma enorme interrogação sobre se o que fizemos foi, de facto, o melhor.
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