Ainda na última quinta-feira me referi aqui a ele e já estou, de novo, a falar de Luís Filipe Meneses. E não é porque eu tenha algum ódio de estimação especial (que até o acho simpático), mas porque sempre que se fala em “obra feita” vêm à baila uns quantos nomes, entre os quais o do autarca de Vila Nova de Gaia.
Claro que para os munícipes e por quem por lá passa a constatação é evidente. Na realidade fazem-se coisas, a cidade está mais bonita, existem mais apoios e é uma urbe onde apetece viver. Por isso Menezes invoca com orgulho o progresso da sua cidade e enaltece o facto de “ter feito obra”.
Mas, sem tirarmos o mérito ao autarca de Gaia, pergunto como é que essa obra foi feita, à custa de quê, com que dinheiro? A Câmara gastou o que tinha e o que não tinha e é hoje, logo a seguir à autarquia de Lisboa, o município mais endividado do país.
Da mesma forma que, sem ter dinheiro suficiente para isso, eu fosse comprar uma bela moradia e a apetrechasse com todo o tipo de equipamentos modernos para garantir o máximo de conforto. Quando chegasse a hora de pagar tudo aquilo, teria forçosamente que recorrer aos bancos para me financiarem todo aquele despesão.
Em nome da “obra feita” estamos sempre prontos a condescender e a esquecer as enormidades que se cometem na gestão das autarquias, que permitem gastar desmedida e irresponsavelmente, sem que haja recursos bastantes.
E esta lógica tanto se aplica nos casos como o de Menezes (que eu acredito que seja uma pessoa séria) como nos demais em que se desvalorizam as suspeitas de desvio de fundos para proveito próprio dos autarcas.
Relativamente aos políticos sul-americanos já encaramos com um sorriso complacente as inúmeras tropelias e aproveitamentos de que são protagonistas, pelo menos os que vêm a público. Como aquele candidato a qualquer coisa que anunciava nos cartazes de propaganda eleitoral, e de forma despudorada, “Votem em mim. Eu roubo como os outros mas realizo. Ladrão por ladrão, votem em mim”. E, ao que parece, teve votos ...
E será que é com igual sorriso e condescendência que olhamos para os nossos políticos e os avaliamos?
Temos que ser mais rigorosos e pensar que para julgar um político não basta a obra. Só existe bom governo quando essa obra existe, é boa e o endividamento se situa dentro dos limites do razoável. Doutra forma, estaremos a entrar no jogo demagógico e porventura fraudulento desses políticos, que se põem em bicos de pés para impressionar os seus eleitores, dizendo-lhes que são os candidatos ideais “por terem feito obra”. Resta saber como ...
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