segunda-feira, setembro 22, 2008

Nobreza



A história conta-se em poucas palavras. Um homem, militar de carreira, chegou um dia a Presidente da República.
Ainda nestas funções viu ser aprovada uma lei que ele promulgou sem reservas (podendo não o ter feito) e que impedia que os PR’s pudessem acumular as reformas de Presidente com outras reformas do Estado. Na prática, ele assinou a sua própria sentença. Sabia que só poderia vir a ter a reforma de Presidente da República ou a de General do Exército.

Mais tarde, o general recorreu à justiça e, muitos anos depois, os tribunais decidiram que ele poderia ter as duas reformas. Em Julho último começou a receber a reforma de general (que lhe tinha sido negada pela lei anterior) a que junta a reforma de Presidente da República.

Só que os tribunais determinaram também que Eanes tinha ainda direito a receber 1 milhão e 300 mil euros de rectroactivos pela reforma de general não auferida. Era-lhe devido todo esse dinheiro – e é muito dinheiro - mas ele recusou receber esse montante.

Pura parvoíce, dirão alguns. Não acho. Para mim, com esta atitude, que a maioria das pessoas não assumiria, Ramalho Eanes demonstrou, de forma inequívoca, a sua integridade que preza acima de tudo, e mostrou que continua fiel aos princípios e aos valores que sempre lhe reconhecemos.


Mas para quem já não se recorda, lembremos ainda, que no ano 2000, foi oferecido a Eanes a promoção a marechal. A mesma distinção que ele, enquanto Presidente, propusera aos seus antecessores em Belém, António Spínola e Costa Gomes. Só passado um ano se soube que Ramalho Eanes recusou ser marechal por que “dessa promoção não resultaria qualquer mais-valia para o país ou para as Forças Armadas.


Enquanto que muitos, sem quaisquer escrúpulos, se desunham para obter títulos e notoriedade, Ramalho Eanes é a imagem da honradez e da nobreza.



5 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

À questão colocada pelo nosso amigo “anónimo” respondo com a pesquisa (embora não tão aprofundada como gostaria) que fiz na net. Em Portugal, desde o início da República, em 5 de Outubro de 1910, houve 19 Presidentes, contando com o actual.

Com excepção de

João do Canto e Castro Silva Antunes Júnior ( 5º. Presidente, de 16.12.1918 a 05.10.1919),

José Mendes Cabeçadas Júnior (9º. Presidente, de 31.05.1926 a 17.06.1926),

Mário Alberto Nobre Lopes Soares (17º Presidente, de 09.03.1986 a 09.03.1996)
E o actual Presidente, Cavaco Silva (19º.)
todos os outros Presidentes são recordados em nomes de ruas, avenidas e praças de uma ou de várias localidades portuguesas.
No que ao General Ramalho Eanes diz respeito não descobri qualquer placa toponímica em Portugal mas a investigação feita fez-me saber que existe um “Largo do Presidente Ramalho Eanes”. Uma rotunda decorada com canteiros e bancos que proporciona um ponto de descanso para os visitantes em ... Macau.

Um abraço.

Anónimo disse...

Ao contrário do que estão a imaginar, não meti água. Só chamei “anónimo” ao “filomeno2006” por que não sei com quem estou a comunicar. Apenas isso.

Era uma “broma” ... perceberam?

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Temos de reconhecer que o Senhor Eanes, só o posso tratar assim, subiu muitos pontos da (minha) consideração!

Outros já ficavam bem se não continuassem a descer!