Mais uma vez, desta nos Jogos Olímpicos, mas que acontece, igualmente, nos Campeonatos Europeus e Mundiais de qualquer modalidade em que participemos, muitas das esperanças ficaram-se apenas por isso mesmo. “Muita parra e pouca uva”, como dizem no Algarve.
Recordo para quem já esqueceu, ou prefere não se lembrar, que nas semanas que antecederam o início dos Jogos de Pequim, os jornalistas, os comentadores encartados e os coitados dos próprios atletas, juraram a pés juntos que desta vez é que era, que choveriam medalhas até fartar, que nunca o Estado tinha dado tantas condições como agora, que a forma de cada um nunca tinha sido tão boa e que, finalmente, tínhamos todas as condições para ganhar mais medalhas que os nossos vizinhos espanhois e, quem sabe, que os próprios chineses.
Parole, parole, parole ...
Só que as provas foram-se sucedendo e acabámos por ver cair uns quantos (poucos) recordes nacionais e, quanto a medalhas, apenas duas. Perante a desilusão provocada por resultados mais modestos do que os esperados – embora agora digam que esta foi a nossa melhor participação de sempre - a “chama olímpica do sonho” feneceu e ficámos a pensar no nosso triste fado e na má sorte que sempre nos acompanha nestas andanças.
Mas o que mais me incomoda no meio de tudo isto, e acreditem que é a pura verdade, é a sempre presente necessidade que sobressai em muitos, principalmente nos jornalistas, de criar à força as maiores expectativas quanto a possíveis vitórias, antes mesmo das provas começarem. Aliás, foi frequente ouvirem-se entrevistas a “olímpicos” que, depois da segunda ou terceira questão, lá tinham que responder à pergunta sacramental “e, quanto a medalhas?”. Seria muito mais fácil, e honesto, darem-nos conta tão-somente da evolução dos desportistas e dos seus sucessos e insucessos. Sem pressões excessivas nem falsas fantasias que, por norma, se têm mostrado completamente desajustados. Acredito que seria muito melhor para os próprios atletas e para os portugueses em geral.
E, se bem me lembro, foi assim que aconteceu quando Carlos Lopes e Rosa Mota foram campeões olímpicos.
Porém, o que mais me revolta é que, agora que se encerraram os Jogos de Pequim, aqueles mesmos que nos prometeram que viríamos da China a abarrotar de medalhas, virem apontar o dedo ao Estado por ter gasto 15 milhões de euros dos contribuintes na preparação de toda a nossa campanha.
Que grande hipocrisia! Como se um país, pequeno como o nosso e com todas as dificuldades que conhecemos, não tivesse, ainda assim, a obrigação de manter uma elite de atletas de alta competição. É que o tempo do “orgulhosamente sós” já lá vai.
Por isso, seria bom lembrarmo-nos que neste tipo de competições internacionais, os nossos atletas estão presentes por mérito próprio, isto é, atingiram os mínimos exigiveis para estarem lá (já são campeões só por esse facto) e estão a concorrer com a nata dos atletas mundiais. E, já agora, lembrar que muitos desses atletas estrangeiros são efectivamente melhores do que os nossos, o que não quer dizer que não possamos ser-lhes superiores em determinados momentos. Temos bastos exemplos disso.
Seria prudente, portanto, que a humildade e a seriedade norteassem as nossas ambições e que tivessemos consciência que os prémios acabarão por aparecer se, e quando, formos melhores que os outros e não antes.
Recordo para quem já esqueceu, ou prefere não se lembrar, que nas semanas que antecederam o início dos Jogos de Pequim, os jornalistas, os comentadores encartados e os coitados dos próprios atletas, juraram a pés juntos que desta vez é que era, que choveriam medalhas até fartar, que nunca o Estado tinha dado tantas condições como agora, que a forma de cada um nunca tinha sido tão boa e que, finalmente, tínhamos todas as condições para ganhar mais medalhas que os nossos vizinhos espanhois e, quem sabe, que os próprios chineses.
Parole, parole, parole ...
Só que as provas foram-se sucedendo e acabámos por ver cair uns quantos (poucos) recordes nacionais e, quanto a medalhas, apenas duas. Perante a desilusão provocada por resultados mais modestos do que os esperados – embora agora digam que esta foi a nossa melhor participação de sempre - a “chama olímpica do sonho” feneceu e ficámos a pensar no nosso triste fado e na má sorte que sempre nos acompanha nestas andanças.
Mas o que mais me incomoda no meio de tudo isto, e acreditem que é a pura verdade, é a sempre presente necessidade que sobressai em muitos, principalmente nos jornalistas, de criar à força as maiores expectativas quanto a possíveis vitórias, antes mesmo das provas começarem. Aliás, foi frequente ouvirem-se entrevistas a “olímpicos” que, depois da segunda ou terceira questão, lá tinham que responder à pergunta sacramental “e, quanto a medalhas?”. Seria muito mais fácil, e honesto, darem-nos conta tão-somente da evolução dos desportistas e dos seus sucessos e insucessos. Sem pressões excessivas nem falsas fantasias que, por norma, se têm mostrado completamente desajustados. Acredito que seria muito melhor para os próprios atletas e para os portugueses em geral.
E, se bem me lembro, foi assim que aconteceu quando Carlos Lopes e Rosa Mota foram campeões olímpicos.
Porém, o que mais me revolta é que, agora que se encerraram os Jogos de Pequim, aqueles mesmos que nos prometeram que viríamos da China a abarrotar de medalhas, virem apontar o dedo ao Estado por ter gasto 15 milhões de euros dos contribuintes na preparação de toda a nossa campanha.
Que grande hipocrisia! Como se um país, pequeno como o nosso e com todas as dificuldades que conhecemos, não tivesse, ainda assim, a obrigação de manter uma elite de atletas de alta competição. É que o tempo do “orgulhosamente sós” já lá vai.
Por isso, seria bom lembrarmo-nos que neste tipo de competições internacionais, os nossos atletas estão presentes por mérito próprio, isto é, atingiram os mínimos exigiveis para estarem lá (já são campeões só por esse facto) e estão a concorrer com a nata dos atletas mundiais. E, já agora, lembrar que muitos desses atletas estrangeiros são efectivamente melhores do que os nossos, o que não quer dizer que não possamos ser-lhes superiores em determinados momentos. Temos bastos exemplos disso.
Seria prudente, portanto, que a humildade e a seriedade norteassem as nossas ambições e que tivessemos consciência que os prémios acabarão por aparecer se, e quando, formos melhores que os outros e não antes.
6 comentários:
Bem-vindo, caro demascarenhas. As tuas crónicas já fazem parte do nosso dia-a-dia e, por isso, é com prazer que te vejo de volta.
Eu também li ou ouvi algures que o objectivo de medalhas era de oito. No entanto, oficialmente, o Comité Olímpico Português fixou a fasquia em quatro a cinco medalhas o que, infelizmente, não foram conseguidas.
Saúdo-te demascarenhas e fico contente por te ver em boa forma.
Subscrevo as tuas críticas a quem, demagogicamente, cria expectativas desmedidas e exerce pressões inadmissíveis sobre os nossos atletas. De facto, tens toda a razão quando afirmas que os portugueses podem ser candidatos aos triunfos em certas modalidades, em pé de igualdade com os outros concorrentes e, mesmo assim, não ganharem.
Aliás, Vicente de Moura, Presidente do Comité Olímpico de Portugal, disse há dias que para estes Jogos Olímpicos tínhamos onze atletas no topo dos rankings mundiais e não foi por isso que trouxemos da China as onze medalhas.
Só uma coisinha, já que estamos a falar de desporto de alta competição.
É que antes de chegar à tal elite – e eu concordo que ela exista - é bom pensar que tudo começa pelo desporto escolar. E, nesta matéria, ainda há muito para fazer. Mesmo que se gastem milhões ...
Não acham estranho que nós, genuínos portugueses da “Portugal Europe’s West Coast”, só ganhássemos duas medalhas enquanto que o americano nadador, Michael Phelps, conseguiu, só ele, nada menos de oito, e todas de ouro?
Cá p’ra mim, eles estão todos feitos ...
provocador
Uma pequena rectificação, se me permitem. Conseguimos não duas mas três medalhas. Não se esqueçam que o Di Maria, do Benfica, foi campeão olímpico de futebol ao serviço da selecção da Argentina.
Recapitulando e para repôr a verdade, conquistámos duas medalhas de ouro e uma da prata.
Assim é que é!
Começo por cumprimentar os meus amigos fieis que não quiseram faltar ao nosso recomeço.
Apesar da indignação que expressei neste texto e que dirigi a vários agentes que pouco têm a ver com a representação portuguesa, penso que devemos prestar homenagem aos elementos de todo o grupo que, apesar do esforço, não conseguiram alcançar os respectivos pódios e, claro está, aos dois medalhados Vanessa Fernandes e Nelson Évora que, com todo o mérito, são vice-campeã olímpica e campeão olímpico, respectivamente, nas suas especialidades.
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