Mais do que com as escutas e do controlo da comunicação social por parte do Governo que, convenhamos, estão um bocado mal contados, o que indigna realmente os portugueses é o facto de em 2009 – quando o pico da crise desabou sobre nós sem piedade - os quatro maiores bancos privados a operar em Portugal terem lucrado quatro milhões de euros por dia. Nem mais.
Como é que alguém consegue entender que numa altura em que o país atravessa uma situação económico-financeira muito difícil, o desemprego cresce preocupantemente e a generalidade das empresas está em estado lastimoso, a banca atinja lucros de tamanha grandeza?
Vem nos livros que quanto mais profunda é a depressão de um país maiores são os lucros do sector bancário. Ainda assim, é difícil aceitar que – quando a economia mundial está de rastos e, em Portugal, as empresas fecham a um ritmo alucinante e os salários e pensões são insuficientes - o conjunto do BES, BCP, BPI e Santander tenha tido resultados líquidos de 1,4 mil milhões de euros, mais 14% do que no ano anterior.
Todos sabemos que a banca é uma das alavancas da economia e é natural que tenha lucros. Concordarão, no entanto, que a dimensão desses lucros, face à realidade do país, é desajustada e obscena.
E por ser o sector que mais beneficiou dos dinheiros públicos, deveria ser-lhe exigida pelo menos a mesma solidariedade e participação nos sacrifícios que são pedidos aos cidadãos e às restantes empresas.
Quatro milhões de euros por dia de lucro? Como é que se consegue entender uma coisa destas?
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