segunda-feira, maio 03, 2010

A verdade desanimadora


Já aqui escrevemos, por diversas vezes, sobre as baixas qualificações dos nossos trabalhadores e empresários. Escritos que nem sempre foram muito bem acolhidos pelos Amigos que nos lêem.


A verdade, porém, goste-se ou não, é que os trabalhadores portugueses são pouco qualificados, e segundo veio agora a público, têm ainda menos competências de que os brasileiros, os turcos ou mesmo os mexicanos Cerca de 60 % da mão-de-obra em Portugal não tem qualquer formação específica. Quanto aos patrões, oito em cada dez não passaram do ensino básico. Tal como o algodão, os números não enganam.


E isto não aconteceu por acaso nem foi de repente. Para este estado de coisas muito contribui um nível de ensino que é nitidamente insatisfatório, que não prepara de forma capaz quem é lançado para o mercado de trabalho e que não motiva os alunos a aprenderem (31 % dos jovens deixam de estudar antes de terminarem o secundário e 3/5 dos nossos alunos sofrem de iliteracia ou, por outras palavras, são analfabetos funcionais). De facto, o futuro não se apresenta muito risonho.


E a nossa tristeza aumenta ainda mais quando somos confrontados com um dado verdadeiramente espantoso: no início deste século XXI, Portugal tem cerca de 10% de analfabetos, a mesma percentagem existente nos países nórdicos … no final do século XIX.


Como enfrentar, assim, a concorrência de países que julgávamos até agora serem mais atrasados do que o nosso, quando, pelo que parece, somos considerados os menos qualificados de toda a Europa?


Apesar de tudo as coisas têm vindo a melhorar mas o panorama continua triste e desanimador. Goste-se ou não, a realidade é esta e, tenho a certeza, ninguém feliz com ela. Há muito para fazer. E depressa.





2 comentários:

olavretni disse...

Concordo que o (mau e pouco interessante) ensino deve ter tido uma responsabilidade imensa nesta matéria. Mas, pergunto, não terá havido, de há uns anos a esta parte, um excesso de facilitismo?

Vexata disse...

Pois é, e saber que tudo isto começou com o famoso "Ensino Unificado" pós 25 (cuidado que o 25 não teve culpa, aliás muito fez para alfabetizar, claro que só as boas vontades não chegam!)em que o facilitismo se foi instalando até ao ponto actual, que, digo eu, é de ruptura a curto prazo. Pois que esta desbunda de irresponsabilidade geral, em que não se respeita as liberdades dos outros, sejam colegas, professores ou pais, para outro caminho não leva.

E lembrar que a esquerda nunca fez nada para valorizar o individuo, pela diferença, pelo conhecimento e saber, pela cultura efectiva (e não passiva, de massas, deslumbradas com as artes dos outros!)

Cada vez estou mais reaccionário!?