Tem sido penosa a leitura do Expresso do último sábado. Não pela falta de artigos e crónicas com interesse, mas pela grafia que o semanário decidiu passar a adoptar (adotar, é que é) a partir deste número – a do novo acordo ortográfico. Com as honrosas excepções (exceções, claro está) de Miguel Sousa Tavares e José Cutileiro que continuam a escrever de acordo com a “antiga ortografia”
Já por diversas vezes aqui tenho manifestado a minha discordância por termos “embarcado” nesta aventura cujo interesse é, no mínimo, duvidoso. Os países que falam o português sempre se entenderam ao longo dos anos e não foram certamente as especificidades próprias da escrita de cada país que nos impediram de ler os seus textos nem de celebrar acordos e tratados. Isto é, nunca houve problemas com esse facto (quero dizer, fato).
A partir de agora a coisa vai ser mais complicada. É que estamos a falar da alteração da forma de escrever de, nada menos, 3 900 palavras. É obra! Daí a minha lentidão em ler o Expresso. Quantas vezes parei numa palavra por julgar ter detectado (o certo será detetado) um erro ortográfico ou por ter achado que a interpretação do que estava a ler não fazia sentido. E o voltar a reler as muitas linhas cansou-me.
A indignação já não me serve para nada, o acordo está celebrado e até 2014 tem mesmo que estar implementado no nosso país. O que não me impede de continuar a escrever tal como o fazia até agora. Por isso, meus caros companheiros, peço a vossa compreensão para esta forma de prosseguir a minha luta pela língua que é a nossa e de que não temos que nos envergonhar. E não me venham com a velha história de que a língua é dinâmica e que a minha teimosia não passa de um saudosismo bacoco. A esses argumentos eu poderia responder com uma dúzia de outras razões igualmente válidas, o que não vou fazer, para os não maçar.
A partir do início deste Verão (perdão verão) certamente começarei a ter mais trabalho nas minhas leituras habituais mas, no “Por Linhas Tortas”, e até ver, vai continuar-se a escrever como se escrevia até aqui. Não por teimosia, tão-somente por princípio.
1 comentário:
Detecto ou melhor, deteto alguma animosidade perante a sabedoria dos ilustres "pensadores" da língua "portuguesa"?
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