Para quem escreve regularmente, as férias, por pequenas que sejam, fazem com que, muitas vezes, haja a necessidade de voltarmos a assuntos que deveríamos ter tratado justamente nesses dias de férias. Pois bem, acabados que estão os votos de Feliz Natal mas não os de Bom Ano (que continuam por mais uns dias), gostaria, ainda, de abordar o tema da polémica falta de iluminação de Natal em Lisboa, mas não só. Sobretudo para constatar o facto de que algumas autarquias decidiram não gastar o dinheirão que habitualmente alimenta as iluminações da quadra natalícia, coisa que não agradou a toda a gente. Na capital, houve pessoas que reclamaram, por exemplo, que para pouparem uns míseros 700 mil euros acabaram com a única alegria que era acessível aos mais pobres. Para eles, sem iluminação não havia Natal.
Lembram-se da história do velho, do rapaz e do burro? Pois é, faça-se o que se fizer, há-de sempre haver quem critique.
E se é verdade que o colorido das luzes alegra a alma de muita gente, também é verdade que a crise impõe cortes nas despesas, a começar naquelas que não são de todo fundamentais. Cortes que foram parciais nalguns casos mas totais noutros, sendo as verbas poupadas deslocalizadas para suprir necessidades mais urgentes e dar apoio aos mais necessitados. Câmaras como as de Évora ou Portalegre, por exemplo, canalizaram as verbas destinadas às luzes para ajudar famílias carenciadas. E há mais autarquias a fazer o mesmo.
Faltaram as iluminações, é verdade, e pôde até parecer que nem estávamos no Natal. Mas a poupança foi significativa e, acho eu, necessária. Enquanto em 2010 as 18 capitais de Distrito do Continente gastaram cerca de milhão e meio de euros nas luzinhas, em 2011 os enfeites natalícios custaram “apenas” 466 mil euros. Só o Município de Lisboa poupou à volta de 80% relativamente ao ano anterior.
Hoje vivem-se novos tempos e os hábitos enraizados tendem a alterar-se. Mas isso não é um drama. Como dizia o António Vitorino “Habituem-se …”
2 comentários:
Um dos grandes males do nosso País, talvez mesmo o principal, foi uma total inversão das prioridades nacionais. Durante muito anos, gostou-se muito dinheiro em coisas que não eram prioritárias, em coisas que não contribuíram para o desenvolvimento do Pais, só apenas para a riqueza de alguns. Portugal chegou a um ponto de ruptura, em que cada euro tem de ser bem empregue, como tal, concordo em absoluto com os cortes realizados nas iluminações de Natal. De facto, já há muito tempo que não se vislumbra uma luz ao fundo do túnel, quanto mais luzes de natal nas ruas de Lisboa. Ainda hoje de manhã, enquanto me arranjava para mais um dia de “luta”, ouvi nas notícias que as medidas de austeridade não ficam por aqui, pois ainda vão aumentar e muito. Agora, não cortem mais nos poucos rendimentos que a maioria dos Portugueses auferem, pois não queria nada vir para a rua de chinelos e de calções com este frio, pois então era “Gripalhada” na certa. Ainda nos arriscamos a ficar todos de cama, e depois não há ninguém para trabalhar e para contribuir para o desenvolvimento do PIB.
Caro demascarenhas
Oportuno tema, pelo significado da abordagem que faz. Só agora as pessoas começam a entender que os recursos são escassos, os seus e os dos outros. Em cada momento, há que fazer escolhas. Na vida pública também é assim, e por maioria de razão o dinheiro dos contribuintes deve ser gerido com rigor e bom senso e lucidez guiada pelo interesse público. Os critérios estão a mudar, porque a ordem de satisfação de necessidades de está a alterar. Como em tudo tem que haver equilíbrio, mas uma coisa é certa: Quando não há dinheiro, não há vícios. Já diz o ditado popular.
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