quarta-feira, junho 20, 2012

Programa de luta contra a fome – interpretações simplórias que carecem de um esclarecimento

Ontem recebi uma mensagem que dizia: “Nada é o que parece! Senão veja: Decorreu há dias mais uma acção, louvável, do programa da luta contra a fome, mas...., com os dados completos, façam o vosso juízo! Recolha em hipermercados, segundo os telejornais, 2.644 toneladas! Ou seja 2.644.000 Quilos. Se cada pessoa adquiriu no hipermercado 1 produto para doar e se esse produto custou, digamos, 0.50 Euros, temos que 2.644.000 kg x 0,50 € dá 1.322.000 Eur (1 milhão, trezentos e vinte e dois mil euros), total do que as pessoas pagaram nas caixas dos hipermercados. Verdade? Mas os verdadeiros necessitados, os que passam fome, nem metade receberam. Quem ganhou então com o “negócio”(???); o estado 304.000 Euros (23% iva), o hipermercado 396.600 Euros (margem de lucro de cerca de 30%). Nunca tinhas reparado, tal como eu, quem mais engorda com estas campanhas...”


Aposto que a maioria das pessoas que recebeu este texto – que associou evidentemente à recente campanha do Banco Alimentar Contra a Fome - pôs-se logo a fazer contas e concluiu que as pessoas a quem se destinavam os alimentos ficaram bastante lesadas como muitíssimo lesados ficaram todos os que, solidariamente, quiseram contribuir. Até por que as contas parecem estar bem-feitas.

Só que, neste caso, não faz qualquer sentido saber a quanto dinheiro correspondem os quilos recolhidos nem, tão-pouco, quais são as margens de lucro ou o montante do IVA. O que interessa, na verdade, é que foram doados generosamente 2 644 toneladas de produtos e as mesmíssimas 2 644 toneladas desses produtos foram, estão ou vão ser entregues a famílias carenciadas.

E se é verdade que nem os supermercados nem o Estado prescindiram dos seus direitos (e isso é uma conversa para uma outra oportunidade) o que acontece nas campanhas do BA é que não se recebe dinheiro, recolhem-se, tão-somente, produtos alimentares para serem entregues a quem mais necessita.

Por mor da verdade, esta é a explicação que tinha que ser dada.

1 comentário:

Anónimo disse...

a sua resposta em jeito de justificação é mui simplista e não responde à questão essencial de que as empresas e o Estado não contribuem para tais campanhas, antes aproveitam-nas para encaixar mais uns cobres