sexta-feira, março 10, 2006

Ainda mais umas palavras sobre o Dia Internacional da Mulher

Não ficaria bem comigo mesmo se não acrescentasse mais umas palavras ao que disse ontem a propósito do Dia Internacional da Mulher. De que, aliás, esperava, com toda a franqueza, receber mais comentários, fossem eles a favor, ou contra ou nem uma coisa nem outra, por assim dizer.

Isto leva-me a pensar que, as alternativas não parecem ser muitas. Ou os leitores que ainda iam lendo estas linhas já se fartaram, ou eles estão perfeitamente rendidos às minhas teorias e opiniões. Que mais posso pensar?

Pois bem, sem retirar uma linha ao meu comentário de ontem, devo confessar que há muitos, mas mesmo muitos anos que sou defensor das tarefas partilhadas de uma casa. Nunca gostei de ouvir aquela história, normalmente dita pelas mulheres “o meu marido até ajuda lá em casa”. Ajuda? Que raio de história é essa da ajuda? Depois não têm que se queixar… Nas casas há trabalhos, muitas vezes há filhos e todas as tarefas têm que ser realmente partilhadas pelo casal. A não ser que haja possibilidades de pagar a alguém para as fazer.

Há uns anos, uma colega que me conhecia mal, julgou que eu estava no gozo, quando disse que na véspera tinha feito já não sei o quê na minha casa. Provavelmente, ela não estaria habituada a ter a colaboração do marido e, se calhar, para ela, os homens eram todos iguais. Mas não são. Na verdade, também nesta matéria não se pode generalizar.

E dou-lhes o meu próprio exemplo (que, provavelmente, servirá para que mais algumas pessoas se ponham contra mim).

Na última sexta-feira, cheguei a casa demasiado exausto. O dia tinha sido complicado em termos profissionais (o que não interessa nada para o caso).
Depois, à sexta-feira, é o dia em que fazemos as compras da semana (ou as do mês) no supermercado. Era, pois, tarde quando chegámos a casa. Tinha alguma fome, e, devido ao adiantado da hora, fomos às iscas que, por acaso, eram febras e já estavam feitas de véspera. Naquela noite apenas fiz o que não poderia deixar para o dia seguinte - arrumar as compras - já que não podia seguir aquela máxima que serve de lema a muito boa gente: "não deixes para amanhã o que podes fazer depois de amanhã".

Veio o sábado. Este é o dia que mais gosto (sobretudo quando saio e quando vou para fora). Não, a verdade é que é um dia tremendo. De trabalho, naturalmente.
De manhã, antes de sair para a voltinha dos tristes, que inclui a ida ao café, a coscuvilhice às montras da baixa da cidade e a visita ao supermercado (mais uma visita ao super) preparei o peixe e as saladas para o almoço e guisei as lulas que ficaram já prontas para se comerem durante a semana.

Saímos, voltámos e almoçámos. Depois, bem … depois foi o início da maratona, foi a corrida que não teve certamente os quarenta e dois quilómetros tradicionais mas que, pela variedade e morosidade das tarefas, me deixou (como sempre me deixa) completamente derreado.

Sopas foram feitas duas, de espinafres e caldo verde. O lombo de porco foi preparado a seguir e ficou com um belíssimo aspecto. Tirei roupas da máquina e do estendal. Passei a ferro roupas de cama e atoalhados. Arranjei o interruptor de um candeeiro de mesa-de-cabeceira. Preparei qualquer coisinha para petiscar à noite e, como sobremesa, lavei tachos e panelas. Arrumei a loiça na máquina e arrumei a cozinha. Voltei a tirar roupa da máquina.

No Domingo foi a vez do carro. Também ele teve direito a ser lavado e aspirado.

Para que pudesse descansar (pelo menos para que não tivesse mais essa preocupação) a minha querida mulher decidiu que iríamos almoçar fora. Ainda bem, tive uma pausa mas, em contrapartida, paguei a conta.

Quando regressámos a casa, a tarde já ia a meio e ainda havia tanto para fazer. A roupa para dobrar, a sala para limpar. Ah!, a sala tinha que ser muito bem limpa, como me recomenda sempre a minha mulher, e havia, ainda, o quarto e o hall para aspirar.

Quando, depois de lavar a loiça do jantar, cansado de tanta canseira, me sentei (enfim) no sofá da sala (muito bem limpa conforme me tinha sido recomendado), fiz um balanço do fim-de-semana que estava a terminar, e pensei que, depois de tanto esforço, a segunda-feira, felizmente, estava prestes a chegar. É que, mesmo acreditando sinceramente que a “lida da casa” também é uma das minhas obrigações, que diabo, nós (donos de casa) não somos de ferro, não é?

12 comentários:

Anónimo disse...

Gaita! E a sua mulher, o que faz? Fica a ler o jornal?
Uma vergonha para os homens este seu relato.

Anónimo disse...

Uma vergonha para os homens? E será que se fosse ao contrário também considerava uma vergonha para as mulheres? A obrigação de realizar as tarefas é dos dois, não?

Anónimo disse...

Calma.

Não há razão para tanta indignação, as tarefas estão bem dividas. Só que são muitas.

Anónimo disse...

Se este post fosse publicado por uma mulher, havia aqui comentários indignados sobre o marido que não fazia nada.
E não é indignação, é diversão. Cada um sabe de si.

Anónimo disse...

Só agora é que tive a ocasião de ler o post e os comentários que foram feitos, mas ainda vou a tempo, suponho, de dar a minha opinião. E apenas para dizer duas coisas:
A primeira, é que o “alguém” não faz a mínima ideia do trabalho que uma casa tem para fazer, uma vez que afirma, publicamente, que, para ele, o trabalho da casa se queda pelo cozinhar, pelo tirar a roupa da máquina e do estendal, pelo passar a ferro algumas peças de roupa, por limpar uma sala e por aspirar umas quantas divisões. E o resto? Quem é que, na sua casa, “alguém”, faz o resto? E o resto é tanto que só a ignorância (que é tão atrevida) pode dizer que o relato do autor do blog é uma vergonha para os homens…
A segunda coisa que eu queria dizer é que precisamente o texto nos dá a conhecer um Homem inteligente e que, ainda por cima, não mostra qualquer receio por dar a cara. Admiro-o também por isso!

Anónimo disse...

Engraçado... Nunca vi a cara do "Homem inteligente" que não tem receio de a dar. Às tantas, é mesmo esse o motivo: deu-a a alguém.

Mas espera: deu-a a alguém? Não me lembro de a ter recebido.

Anónimo disse...

Aiiiiiiii! Tanta desconversa em vez de conversa!

Anónimo disse...

Oh "alguém", tu tens uma certa graça, mas ainda não percebeste que o Homem, exactamente por ser inteligente, é que não necessita de “dar a cara” a quem quer que seja, muito menos a ti. A nós, basta-nos ler os textos (quando estamos para aí virados) e saber que ele tem um nome, que até pode ser mesmo o dele, o verdadeiro.
Mas, coloco-te uma questão. Ao dizer tudo aquilo que ele disse que fazia lá em casa (cujo relato constitui uma vergonha para os homens, como comentaste, pelo menos para os machões como tu pareces ser), não achas que ele ao não pôr uma fotografia que o identificasse, isso manifesta que é, de facto, um homem inteligente? Ou será que pensas que ele “se descaiu” e agora está mais do que arrependido e, exactamente por isso, é que não quer mesmo dar a cara?

Anónimo disse...

Ó olavretni, se lesses o comentários com atenção, vias que eu me referia à frase "não mostra qualquer receio por dar a cara" da oaiolinda.
Eu pessoalmente não preciso da cara dele para nada. Estou contente com a minha.

Anónimo disse...

Ainda alguém (sem trocadilhos) se lembra do assunto do post? É lamentável que nos dias de hoje ainda se discuta desta forma a "divisão" dos trabalhos "da mulher". E mais, que haja alguém (desta vez com trocadilhos) que considere que um homem se define pelo tipo de tarefas que executa, quando na verdade o caracter de cada um é definido sobretudo pela forma como se relaciona com os outros e pelo respeito envolvido nesse relacionamento, sendo que um relacionamento se alimenta de partilhas, onde se incluem as alegrias, as esperanças, as tristezas e também as ditas tarefas.

Anónimo disse...

Caro "Anônimo" que falaste em desconversa, eu sei quem tu és. Na realidade és uma anónima, mas não sempre, só às vezes.
E talvez penses que sabes quem é alguém, mas alguém pode não ser ninguém em quem estejas a pensar.

Anónimo disse...

Isso, também contribuiu bastante para o tema! Aliás, hoje já nem vou conseguir pensar noutra coisa senão "quem será o alguém????". Nem sei mesmo se vou conseguir dormir.