Receio que uma vez mais o título da crónica de hoje tenha criado falsas expectativas ao leitor. “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley é uma obra maior da literatura do século XX, onde Huxley “imagina” um modelo de sociedade futura, condicionada em termos genéticos e psicológicos, e onde denuncia os perigos que ameaçam a humanidade. Uma leitura que considero imprescindível.
De forma mais modesta, o meu “mundo novo” da crónica de hoje, resume-se apenas à vontade de partilhar convosco uma cena a que assisti há dias e que me impressionou bastante.
Não muito longe do lugar em que eu me encontrava, uma mulher tinha uma das mãos junto da face, enquanto que a outra mão gesticulava furiosamente em vários sentidos e agitava os dedos em rituais estranhos. Disfarçadamente olhei para a mulher sem compreender. Parecia louca.
Percebi então que “falava” ao telemóvel, através de uma vídeo-chamada. Aquela mulher estava a comunicar gestualmente com outra pessoa. Todos aqueles esgares e movimentos faziam sentido para quem não podia transmitir ou receber os sons de forma tradicional.
Era gente que não ouve (e que não fala a maior parte das vezes) a comunicar entre si através de um simples telefone portátil, independentemente das distâncias.
“Admirável mundo novo”, pensei.
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