Há umas horas atrás, em Berlim, um dominó gigante desmoronou-se perante milhares de berlinenses e dezenas de líderes políticos de todo o mundo. E os principais canais de televisão mostraram em directo a cerimónia comemorativa dos vinte anos da queda do muro de Berlim.
Duas décadas depois, embora felizes pelo derrube de um dos símbolos mais visíveis da guerra fria entre o Ocidente e o Bloco de Leste regido pela União Soviética, há muros que teimam em erguer-se altaneiros para separar países e famílias em várias partes do mundo.
E todos eles justificados por motivos tão díspares como o combate à violência, à imigração ilegal ou à propagação de doenças infecciosas ou para delimitar terreno às comunidades de diferentes religiões, etnias ou políticas. O resultado prático é sempre o mesmo: isolar. Tal como fizeram em Berlim em 1961.
E a lista de muros e cercas que continuam a existir é extensa. Por exemplo, quinhentos quilómetros de cercas eléctricas de alta voltagem separam o Botsuana e o Zimbabué. Foram construídos muros por Israel na Cisjordânia. Grande parte da fronteira do Uzbequistão está fechada por cercas de arame farpado. Quase três mil quilómetros de fronteira entre a Índia e o Paquistão têm muros, cercas e fortificações e na região de Caxemira a fronteira é reforçada com minas. Há barreiras a separar os Estados Unidos e o México. Em volta das favelas do Rio de Janeiro estão a ser construídos muros.
Vinte anos depois estamos em festa pá, como na canção do Chico Buarque. Comemoram-se os vinte anos da queda do muro de Berlim. Mas, pergunta-se, e os outros muros – igualmente brutais, cheios de ódio e intolerância - daqui a quando anos é que poderemos também comemorar a data do seu derrube? É que continuam muitos muros por derrubar.
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