Uma coisa que me aborrece mesmo é que só muito raramente se valoriza aquilo que é feito de bom em Portugal e pelos portugueses. Aliás, raramente, é uma forma subtil de dizer, porque o normal é não dar atenção ao que se faz bem, sobretudo se pensado e realizado pelos nativos deste país periférico e à beira-mar plantado.
E procedemos assim porque não temos motivos suficientes de que nos possamos orgulhar? Não, a verdade é que são cada vez mais os casos de sucesso que, em Portugal ou no estrangeiro, têm portugueses como protagonistas.
Ainda agora se soube que um português, de seu nome, Carlos Neves, ganhou uma medalha de ouro na Suíça por ter produzido o melhor queijo suíço feito na própria Suíça.
Com o “Vacheri”, o equivalente ao nosso Queijo da Serra, Carlos Neves ganhou o tal galardão porque o queijo foi considerado o melhor produto suíço de todas as regiões demarcadas, o melhor entre 8 500 produtos avaliados. Um prémio de excelência atribuído à qualidade da mão-de-obra portuguesa, uma vez mais reconhecida lá fora e uma vez mais desprezada pela comunicação social do nosso país que prefere continuar a passar notícias - até à exaustão - das desgraças do país e do mundo.
Diz-se que comer queijo faz esquecer. Neste caso não por comer mas, provavelmente, por ter estado a falar no dito, quase me esquecia de assinalar a vitória da nossa selecção nacional de futebol que, com grande dificuldade, uma enorme dose de sorte, uma trave e dois postes, lá conseguiu ganhar à congénere da Bósnia por um modesto (e vamos a ver se suficiente) um a zero.
Atendendo a que o assunto era futebol, todos os jornais e televisões deram, neste domingo, o destaque merecido. Mas, pergunto, se não fosse de futebol será que alguém se lembraria de falar no prémio ganho por Carlos Neves?
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