quarta-feira, fevereiro 17, 2010

O país que não existe


Acreditem que já não aguento toda esta polémica à volta do Sócrates e sobre a sua eventual ingerência e manipulação da comunicação social. Ainda ontem ao fazer um zapping em vários canais de televisão, em todos eles se debatia a questão e se opinava se o Primeiro-Ministro tem, ou não, condições para continuar à frente do Governo.

E foi curioso ouvir a vários especialistas, de diversos quadrantes, frases que tinham invariavelmente expressões como “alegadas”, “a ser verdade”, “a confirmar-se”, “presume-se” e quejandas.

Ninguém tem certezas de nada (nem a Justiça, como ouvi a um dos comentadores) mas o veredicto está tomado. Sócrates “pretensamente” concebeu um ardiloso plano para, através dos seus “boys” e das empresas que o Estado controla, manipular a informação em Portugal.

Penso que ninguém põe em causa a liberdade de expressão nem, tão-pouco, a liberdade de imprensa. E se dúvidas houvesse bastava estarmos atentos a todo o tipo de opiniões que são expressas a toda a hora em jornais, rádios, televisões e blogues. O que se questiona, isso sim, é se o Governo através de um “suposto” polvo de enormes tentáculos está a tentar uma manobra de grande envergadura para controlar vários órgãos de informação.

Daí a esconjurar-se o Procurador-geral da República, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, os Gestores de várias Empresas Públicas, o Governo e, principalmente, José Sócrates foi um instante, “pintando-se” deste último, um retrato de (como vi há dias numa revista) “um homem desavindo e vingativo que desencadeia processos ilegítimos para obter fins inconfessáveis”.

Porém, para além das suposições, interpretações, deduções e opiniões baseadas em artigos meticulosa e competentemente trabalhados pelos jornais, pouco mais temos. Os factos, aquilo que a Justiça poderá considerar relevante para um eventual procedimento criminal, quanto a isso, nada.

E Portugal – será que ninguém pensa nele? – continua a afundar-se nos mercados internacionais devido a esta crise política (provocada por políticos cá do burgo) que apenas pensam nas suas estratégias pessoais e, como se fosse necessário, com a ajuda das intervenções públicas (e para que todo o mundo pudesse ouvir) do Comissário Almunia e do agora candidato à liderança do PSD, Paulo Rangel.

Toda a oposição está em pé de guerra para derrubar Sócrates mas o país não está, por ora, em condições de pensar em novas eleições. Aliás, adivinha-se que a própria oposição também não pretende apresentar no Parlamento uma posição de censura contra o Governo.

Enquanto continuamos a olhar para esta telenovela sem fim à vista, com a ribalta a brilhar todos os dias com o aparecimento de novas e escaldantes notícias sobre a ingovernabilidade do país e a falta de crédito do Primeiro-Ministro, não podemos deixar de nos espantar que José Sócrates (que muitos consideram já um “cadáver político”) continue a subir nas sondagens. Na última que saiu no Expresso desta semana, Sócrates voltou a registar uma subida de dois pontos em relação à sondagem do mês anterior.

E, das duas, três: ou os inquiridos são um bando de idiotas cujas opiniões são absolutamente vazias de conteúdo, ou as sondagens apenas servem para alimentar uns quantos desocupados ou, afinal, este país não existe mesmo.


1 comentário:

Anónimo disse...

A Fátima Felgueiras também ganhou eleições... Isto para não dar outros exemplos!