terça-feira, junho 01, 2010

O país ainda não tinha fechado


Depois de uns dias passados no exterior e perante a gravíssima conjuntura económica e social que pairava sobre nós quando parti, confesso que estava com receio de não poder regressar devido à possibilidade do país ter, entretanto, fechado.


Tanto mais que nos lugares por onde andei a informação era praticamente inexistente ou inteligível porque a linguagem, como diria o professor Marcelo, “não lembra nem ao careca”. Por isso, logo que pus o pé em solo pátrio, corri para casa – como se tivesse que ir regar as plantas do FarmVille no Facebook – para tentar saber as últimas de algum telejornal tardio. E as notícias não podiam ser melhores. As manchetes destacavam as afirmações do Cristiano Ronaldo, mergulhavam nos mais ínfimos e inacessíveis enredos da selecção nacional de futebol e enaltecia a transferência multi-milionária de Mourinho. Estava, portanto, tudo na mesma.


Os meus pensamentos mais pessimistas de que a situação financeira do país tivesse piorado, de que tivessem sido decretadas medidas ainda mais severas para os pobres cidadãos (os mesmos de sempre que acabam por ter que pagar todas as crises, ainda que nada – ou pouco - contribuam para elas) ou que, no limite, Portugal tivesse saído no mapa por se ter verificado uma nova investida das empresas de rating ou, pior ainda, por já ter chegado ao ponto de ter entrado decididamente em falência, não chegaram a verificar-se. O país ainda não tinha fechado.

1 comentário:

Vexata disse...

Pois, pois, põe-te a dar voltinhas por aí, que ainda tens a surpresa disto ter mesmo fechado quando voltares! É como aquela, bilha que tanto vai à fonte um dia ... transforma-se noutra coisa, com o mesmo material mas com outra(s) forma(s)??? Cacos!