Quer o Orçamento Geral do Estado para 2011 passe ou não na Assembleia da República, os portugueses já perceberam o que o próximo ano vai trazer: um aumento significativo dos impostos e o consequente agravamento do seu dia-a-dia. Ou seja, mais e mais dificuldades. E não nos interessa sequer apurar o que é que deu origem à situação presente nem quem foram os seus responsáveis e muito menos quem é que vai pôr as contas em dia, se o Governo se o FMI. O que nos interessa, isso sim, é que a situação do país é muito grave e que a receita para tentar salvá-lo vai ter que ser absolutamente dura e imediata. Uma “dose de cavalo”, como se costuma dizer, o que me leva a temer que, de tão forte, se possa vir a morrer da cura e não da doença.
Enquanto isso, e antes até de se sentirem os efeitos das medidas agora anunciadas, sabemos que são cada vez mais as famílias a necessitar de apoio alimentar para sobreviver. A maioria são desempregados e idosos cujas pensões ridiculamente baixas não chegam para fazer face às despesas. Mas também famílias da classe média, muitas jovens e com filhos, em que pelo menos um dos elementos do agregado ficou desempregado. Gente que pela idade, pela falta de formação e de empregos desesperam a cada dia, sem perspectivas de um futuro melhor.
A juntar às baixas pensões e ao desemprego, a prevista redução dos apoios sociais fazem recear o pior. Só no primeiro semestre de 2010 mais de 40 mil pessoas juntaram-se às 260 mil já apoiadas pelo Banco Alimentar. O exército dos carenciados aumenta todos os dias e, apesar da generosidade das Instituições de Solidariedade Social, das empresas e de muitos particulares, (quase todos também a braços com as suas próprias dificuldades de subsistência) a inevitável diminuição de custos faz-nos pensar ainda mais naqueles que, sem saída, aguardam sem esperança, mas com dignidade, o apoio de que necessitam.
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