Pouco passava das duas da tarde quando cheguei ao espaço de refeições de um centro comercial. Percebia-se pela quantidade de bandejas com pratos empilhados em cima das mesas que a “barbárie” tinha passado por ali e que a festança acabara há pouco. O aspecto era desolador. O desarrumo inaceitável.
Mas, mais do que isso, o que me chocou verdadeiramente foi a quantidade de comida que se via abandonada em muitos pratos. Pizas e fatias de carne “jaziam” ali praticamente intactas.
Ao olhar para aquela babilónia não pude deixar de pensar por que é que essa gente desperdiça tanta comida, sem pudor e sem remorso, enquanto milhares de pessoas passam fome.
Podem argumentar que os restos dos alimentos, uma vez decompostos, servem de adubo a outras culturas. Podem até alegar que comida com muito sal e demasiado tempero é razão suficiente para que a deixem de lado. Podem ainda aduzir que o tamanho das doses é exagerado e que há pessoas que não querem ou não podem (por motivos de saúde) ingerir grandes quantidades.
Ainda assim, não podemos ficar indiferentes a tanto desperdício. É altura de pensarmos em como podemos alterar a situação. E a receita parece ser simples. Por exemplo, doses mais pequenas (e menos caras), partilha de doses generosas com outra pessoa ou, ainda, a possibilidade de levar as sobras para casa (já se faz nalguns restaurantes). E para aqueles que comem muito a solução é pedir mais. De qualquer forma, é tempo de dizermos não ao desperdício, de rentabilizar os recursos e distribui-los com maior equidade. Por uma questão de humanidade e justiça.
E ainda que em contexto diferente, parece-me aplicável uma quadra de António Aleixo:
“Entre grandes e pequenos
Ficávamos quase iguais
Dando a uns um pouco menos
E a outros um pouco mais”
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