Num país longínquo de que não lembro o nome, governava uma maioria composta por dois partidos. Um maior e outro mais pequeno e ambos de direita e com uma visão neoliberal, cujas políticas afundavam ainda mais o país e punham os seus cidadãos à beira do colapso total. De princípio, e ainda durante um tempo, vociferavam contra os malandros do governo anterior, socialista e irresponsável, culpado da situação que estes partidos da maioria herdaram.
Aos poucos, a história da herança foi-se tornando cada vez menos aceitável e ninguém, nem os apoiantes dos dois partidos nem os da oposição, acreditava já nas políticas que iam sendo lançadas.
A crise financeira era uma evidência, inegável a económica, dramática a social e .... a política. Adivinhava-se a qualquer momento o estalar do acordo entre os dois partidos e a ruptura era uma questão de tempo.
A situação agudizou-se quando estava em preparação o Orçamento do Estado para o ano seguinte. Deputados de ambos os lados fizeram questão de manifestar publicamente as suas divergências. Ainda assim o Orçamento conseguiu ser aprovado com os votos (quase unânimes) da maioria. A contragosto, diga-se, porque um dos deputados do partido mais pequeno divergiu de todos os outros e houve um número (ainda grande) de deputados que disseram o sim mas fizeram-no sob "declaração de voto", que é assim como que um "não concordo mas tem que ser que a isso sou obrigado". Houve até um malandro de um partido da oposição que lhes lançou o remoque "então senhores deputados, depois de terem levantado o braço para aprovar a lei do Orçamento de Estado para 2013 não sentiram os braços pesados? As vossas consciências, não lhes pesaram? Enfim, feitios!
Mas tudo isto foi curioso. A rapaziada da coligação acabou por aprovar um documento fundamental para o país (mas com que muitos não concordam) e, logo de seguida, choveram críticas dos próprios deputados dessa maioria, com destaque para o porta-voz do partido mais pequeno que arrasou, sem contemplações, o Orçamento que tinha acabado de aprovar.
Continuo a não conseguir lembrar-me do nome do país onde isto se passou. Acho que começa por P mas não sei se é Paraguai, Panamá, Polónia ... enfim, há tantos que começam com P. O que sei é que se esta "coboiada" se tivesse passado em Portugal, cairia o Carmo e a Trindade. E com toda a razão.
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