Talvez seja melhor explicar que os “piscas-piscas são instrumentos de navegação, melhor dizendo, são acessórios de sinalização que existem nos veículos motorizados e que, por meio de uma luz que acende e apaga intermitentemente, à frente, dos lados e na rectaguarda dos mesmos veículos, servem – pasmem-se vocês com esta novíssima tecnologia – para indicar aos outros condutores se e quando vamos mudar de direcção ou se e quando vamos seguir em determinado sentido.
A verdade é que em Portugal, embora se conheça o princípio, não é muito comum utilizarem-se os piscas quando se faz uma manobra de ultrapassagem ou quando, ela terminada, voltamos a ocupar a via da direita. Isto, quando não se ultrapassa pela própria direita, o que é ainda pior.
Mas se não temos o hábito de o utilizar nas estradas, ainda menos cuidado temos de o fazer nas rotundas que, como se sabe, nascem como cogumelos por esse país fora. Acho mesmo que os condutores ao contornarem uma rotunda, querem mostrar claramente aos outros condutores que eles não têm nada que saber se vão virar na próxima saída à direita, ou na segunda, ou na outra a seguir, ou se muito simplesmente querem andar umas quantas voltas à volta da rotunda até as respectivas sogras ficarem com uma valente dor de cabeça.
Penso que para certos condutores o pisca-pisca ainda constitui um mistério algo longíquo e que, muito provavelmente, a palavra “pisca” só lhes lembrará uma certa musiquinha pimba, intitulada precisamente “Pisca-Pisca” e que era cantada por uma tal Rute Marlene. Ou então, para esses condutores, o pisca-pisca não passa de um simples tique de olhos, daqueles que tantas vezes se utilizavam nos longíquos anos sessentas do século passado, de forma mais ou menos sedutora, em tentativas esforçadas e quantas vezes frustadas, de mais uma conquista.
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