Como sabem, a CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – é uma organização formada por oito países lusófonos – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Nos seus estatutos existe uma regra fundamental que tem que ser escrupulosamente respeitada, que é, “qualquer país que faça parte desta comunidade tem que ter o Português como língua oficial”.
A questão de princípio é, naturalmente, a da assunção oficial da língua portuguesa, muito embora, em alguns dos países aderentes, uma boa parte da população não a domine mininamente. Mas isso é uma outra questão.
A discussão centra-se, portanto, num outro domínio, que não o da língua. É que, para além do “clube dos oito”, existem outros três países – a Guiné-Equatorial, as Ilhas Maurícias e o Senegal que também fazem parte da organização com o estatuto de “Observadores Associados” e estão à espera que lhes reconheçam a entrada como membros de pleno direito da CPLP . Para além destes, mostraram igualmente interesse em integrar a equipa e estão já em lista de espera, Marrocos, Uruguai, Ucrânia, Croácia, a província espanhola da Galiza e o território de Macau, estando estes dois últimos dependentes da aprovação dos respectivos países.
Acredito que todos eles estão na corrida para entrar nesta organização que parece estar na moda. E espero – sinceramente - que adoptem o português como língua oficial e que venham a fazer parte de uma associação que tem como lema “A Língua Portuguesa: Um Património Comum, Um Futuro Global".
Mas, o que na minha opinião, parece transparecer desta vontade transbordante, é o desejo de pertencer a um grupo de muitos milhões de almas, que poderá vir a ter uma significativa projeccão internacional e, não menos importante, fazer parte de uma organização que, tendo embora a língua como estandarte, poderá catapultar os interesses económicos e políticos de cada país a um patamar de outra forma inacessível.
A ser assim, o espírito e o âmbito original da CPLP ter-se-á desvirtuado, o que, também não é caso para nos deixar preocupados. Afinal, em vez de promover apenas a amizade e a cooperação entre os países lusófonos, passará a fazê-lo, também, com os outros parceiros e com novas vertentes, nomeadamente a económica. Ao fim e ao cabo, com as sinergias e a dimensão encontradas poder-se-ão vir a alcançar excelentes resultados para todos. O tempo o dirá.
2 comentários:
Sou capaz de concordar contigo quando dizes que, por detrás de tudo isto, está a notoriedade e os aspectos económicos dos países candidatos. Porque, ter uma língua oficial ainda que poucos a falem, tudo bem. Que a Guiné-Equatorial se sinta no direito de pertencer à CPLP porque foi descoberta por portugueses, tudo bem. Mas, e olhando para o tal lema de “A Língua Portuguesa: Um Património Comum, Um Futuro Global", o que é que o Uruguai, a Ucrânia e a Croácia têm a ver com isto, não me dirás?
O Uruguay é um pais com uma forte presença da lingua portuguesa, que se tornou independente do imperio do Brasil e não da Espanha como a partida poderiamos pensar, e onde o espanhol foi imposto por decreto como lingia oficil no final de do seculo IX a partir da capital, na pratica o portugues é falado principalmente nas zonas limitrofes com o Brasil, neste pais o ensino do portugues é obrigatorio. (caso unico)
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