Devo confessar que o título da crónica de hoje me foi sugerido pelo meu filho, muito embora eu tivesse já pensado escrever alguma coisa sobre o assunto.
Ao longo dos anos, e de forma intuitiva, fui-me apercebendo que muitos dos produtos que me queriam impingir (leia-se vender) eram completamente falhos de substância mas, no entanto, vinham muito bem apresentados e, muitas vezes, rotulados com um nome estrangeiro. Um pouco o que tem acontecido ultimamente com os chamados "produtos gourmet". Mesmo sabendo o que essa palavra significa não dispensei a consulta à wikipédia que me disse exactamente o que eu estava à espera. Que “Gourmet é o nome que se dá à cozinha ou produto alimentar (incluindo bebidas) que estejam associadas à alta cozinha”. Melhor dizendo, e para sermos rigorosos, os produtos ligados à “Haute Cuisine”. Assim é que é.
E isto ajusta-se a quase tudo. O conteúdo pode ser o mesmíssimo mas o que interessa é a forma, a roupagem, a apresentação da coisa.
Uma simples marmelada, se apresentada numa embalagem de plástico é apenas mais uma marmelada. No entanto, se dentro de um frasco com um design sugestivo e vestido com um lacinho a condizer, passa à categoria de marmelada gourmet. A mesma marmelada mas apresentada de um outro jeito e, claro, com um outro preço.
Até já há vinhos gourmet. E águas, calculem, as águas que jorram das mesmas fontes mas que são engarrafadas em recipientes vulgares ou em garrafas sofisticadas. Lá dentro, porém, a água é rigorosamente igual.
Chegou-se ao ponto – a loucura tomou conta da rapaziada – de já haver quem compre casas só porque têm varandas gourmet. Se não perceberam, eu repito, varandas gourmet que são assim como … não sei bem explicar.
Balelas, puro snobismo. Experimentem os “experts” da nossa praça fazer uma prova cega dos produtos, um normal e outro gourmet, e vejam se conseguem distingui-los. Claro que não. Não, não conseguem diferenciá-los. Como não conseguem dizer, depois de os saborear, qual a “flute” que contem Moet & Chandon e a que tem o nosso Murganheira. Como não conseguem fugir à fúria incontrolada da moda que os empurra para os tais artigos gourmet.
Calculem que um outro dia numa loja gourmet de um centro comercial, vi uma desprotegida banana, uma reles e pequeníssima banana da Madeira com uma etiqueta ao lado a dizer “Banana Gourmet”.
Oh meus amigos, poupem-me!
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