Não tive oportunidade de ler o artigo de Medeiros Ferreira publicado no Correio da Manhã da última quinta-feira mas, através de um blogue que costumo acompanhar, deduzi que a ideia que ele propunha para o combate ao endividamento do nosso país é, espero não estar a dizer algum disparate, levar os portugueses a investir as suas poupanças em certificados de aforro ou num qualquer outro produto de dívida pública.
E porquê? Basicamente porque as notações das agências de rating não têm sido favoráveis e o crédito que Portugal consegue no exterior está cada vez mais caro e difícil de obter. Então, porque é que Portugal não começa a pedir empréstimos aos próprios portugueses através da emissão de dívida pública? Nomeadamente de certificados de aforro ou de obrigações do tesouro, com taxas atractivas que possam superar as dos depósitos a prazo bancários. Seria uma forma viável de fugirmos um pouco aos financiamentos externos e a um preço porventura bem mais em conta.
Mas, atenção, a ideia de Medeiros Ferreira era, segundo penso, que os portugueses emprestassem a Portugal e não ao Estado que, reconheçamos, não tem dado grandes provas no que concerne à gestão das massas públicas. A tal ponto, que já há quem considere que o Estado “não é uma pessoa de bem”.
Acho a ideia óptima, sou até capaz de fazer um esforço para tentar arranjar uns trocos para ajudar o meu país mas, antes, gostaria que alguém me esclarecesse duas questões:
- Afinal qual é a diferença entre emprestar a Portugal ou ao Estado? Portugal não é um Estado, uma Nação que tem um Governo cujas instituições administram o bem público? Se emprestarmos dinheiro a Portugal quem é que o vai gerir, qual o Ministério, Instituto ou Fundação que o vai administrar? O tal empréstimo a Portugal não se transformaria, na prática, num empréstimo ao Estado?
- E como iria reagir a banca (a quem os Governos tanto temem e veneram) - face à debandada dos depósitos a prazo que tem em carteira - à nova opção de poupança dos portugueses? Que contrapartidas exigiria aos seus clientes e ao Estado (ele, uma vez mais)?
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