Em Agosto o Algarve está sempre impossível. Tem demasiada gente para meu gosto, muitos portugueses, muitos estrangeiros (este ano um pouco menos) e muitos “franciús”. Franceses (dos originais, dos puros) também, mas os “franciús” a que me refiro são, como perceberam, os emigrantes portugueses radicados nos países francófonos que, nesta altura, pululam por lá como formigas e que fazem questão de nos encher os ouvidos com uma singular e barulhenta misturada linguística onde as palavras em francês se alternam e sobrepõem desordenadamente com o português.
A acrescer a toda esta confusão o calor insuportável só veio desajudar. Por isso não admira que quem trabalha em contacto com o público se desoriente um pouco mais do que é recomendável e … aceitável.
Daí que aconteçam conversas tão estranhas como esta:
Na padaria
Eu – quero um pão algarvio, por favor
Empregada – não sei se temos, às vezes os pães vêm do Alentejo
Eu – Bem, se não há pão algarvio, levo um alentejano
Outra empregada que devia ser a encarregada (em tom firme, a roçar a grosseria) – aqui todos os pães são algarvios
Empregada (a que me estava a atender) – afinal só temos pães algarvios. Quer algum?
Eu – Sim, se faz favor, a minha ideia é essa desde que aqui entrei …
O diálogo (verídico) seria improvável noutra época. Mas, com todo este calor, já não sei o que diga …
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