O preço do pão aumentou recentemente. A carne, o leite e os ovos também já estão mais caros. Outros produtos de primeiríssima necessidade deverão levar o mesmo rumo e já se fala que o café e o cacau poderão ser os próximos. E por já estarmos demasiado habituados a sucessivos aumentos (como se de uma fatalidade se tratasse) é frequente ouvirem-se em entrevistas de rua pessoas simples afirmarem, de forma igualmente simples e de sorriso resignado, que “é normal que aconteça, tudo sobe, não é?”.
Pode até ser. Na verdade, ao subirem os preços das matérias-primas os produtos que delas derivam são também mais caros. Mas, como costumo dizer, se o preço do whisky subir que nem que seja dez euros por garrafa o incómodo que provocam é quase nada. No entanto, se a carcaça custar mais um cêntimo e meio (como agora aconteceu) dá uma mossa dos diabos nos orçamentos de quem vive com mais dificuldade.
E o pior é que, também eu, já começo a achar que é normal que os preços das coisas subam todos os anos. Mas não tem que ser assim.
Basta o mercado de futuros de Chicago anunciar que o preço do trigo vai aumentar (devido a um facto qualquer que muitas vezes nada tem a ver com o mau ano agrícola, as chuvas, as secas ou as pragas de gafanhotos) para que esse aumento se sinta de imediato (muitas vezes ainda na mesma semana) no preço do pão em Portugal.
É, mais uma vez, a velha questão da especulação. E essa é a côdea que me custa a “engolir”.
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