Ouvir a expressão “Os ricos que paguem a crise”, eivada, se possível, de um tom agressivo é fazer-me recuar umas décadas até aos idos anos 80 do século passado, quando a UDP inventou esse slogan que foi atravessando gerações.
Actualmente, porém, e ainda que ergamos vigorosamente o braço (o esquerdo ou o direito, conforme as convicções políticas) e gritemos a plenos pulmões que são os ricos que devem pagar a crise, o problema é saber a quem nos devemos dirigir.
Se é verdade que todos os anos vamos tendo mais ricos em Portugal (na generalidade dos casos ninguém sabe como é que conseguem lá chegar), também é verdade que os verdadeiros ricos, os tradicionalmente reconhecidos como tal, estão em verdadeira baixa de forma. Isto a avaliar pelos números que foram publicados recentemente pela revista Exame que dá conta que, de uma forma geral, os mais ricos “empobreceram” nestes últimos três anos. De facto, passaram de um total de 20 600 milhões de euros em 2007 para 14 700 milhões este ano, o que significa uma quebra de 6% em relação ao ano anterior e de 28,5% relativamente a 2007. Coisa, que ainda assim, não os preocupará por aí além, presumo.
Donde, temos um problema para resolver. Ricos, procuram-se. Dão-se alvíssaras a quem os encontrar. Até lá, desconfio bem que teremos que ser nós a pagar a crise. E não adianta estar de má cara …
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