Vi há dias na televisão uma entrevista muito interessante com o Professor Doutor António Sampaio da Nóvoa (que é, também ele, uma personalidade muitíssimo interessante), reitor da Universidade Clássica de Lisboa. Às tantas, e para exemplificar o estado de confusão, de burocracia e de leis mal feitas que emperram o bom funcionamento das instituições deu, com alguma caricatura, um exemplo:
sobre um determinado assunto recebemos um ofício que dizia o seguinte:
1º parágrafo - segundo a lei XXX a Universidade tem que fazer o acto X;
2º parágrafo - segundo a lei YYY a Universidade não pode fazer o acto X;
3º parágrafo - se reconhece que há uma contradição entre os dois parágrafos, o melhor é a Universidade não fazer nada;
4º parágrafo - No entanto, se a Universidade nada fizer também é ilegal.
A situação fez-me recordar uma outra que, há uns anos, se passou comigo. Um colega deu-me a ler um parecer que tinha escrito. Li com atenção as 14 páginas e, no fim, ele perguntou o que é que eu achava.
Respondi-lhe que tinha gostado, que estava muito bem escrito, tinha boas argumentações mas ... mas não se percebia minimamente qual era a nossa posição sobre o assunto.
E a resposta dele foi: "Então está óptimo, podemos enviar".
São duas historietas que parecem ficção mas que correspondem a uma certa forma de estar. Na política, nas empresas, na vida. "Assim, não me comprometo", parece ser o lema de muito boa gente que tem a obrigação, pelos cargos que ocupa, de assumir responsabilidades. Mas, como se vê, o apelo ao NIM é bem mais forte.
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