Consta que Rui Rio, Presidente da Câmara Municipal do Porto, para além da grandessíssima guerra que trava há anos contra o Futebol Club do Porto e, principalmente, contra Pinto da Costa, consta, dizia, que o Senhor Presidente é também dado a tiques de autoridade e tendências censórias, que é coisa que eu julgava banida desde o tempo da outra senhora.
E se, na questão da contenda com Pinto da Costa até sou capaz de estar de acordo com o Dr. Rui Rio, porque também eu nunca gostei da promiscuidade entre o futebol e a política que, não raras vezes, trazem a público situações de tráfico de influências e de corrupção, já quanto à questão da censura, aí o assunto é completamente diferente.
Ao que parece, Rui Rio exige declarações escritas de fidelidade política às entidades que a sua Câmara subsidia. Ou seja, ou me és inteiramente fiel na linha política que determino ou então estás tramado e não levas nem um cêntimo. Estão a ver a coisa?
O que me fez lembrar o que se passava no tempo do Estado Novo, quando Salazar obrigava os candidatos a empregados públicos a assinar um documento – a célebre declaração 27003 – em que os candidatos afirmavam por sua honra não professarem quaisquer ideais comunistas, nem quaisquer outras doutrinas contrárias aos interesses do Estado. E se a declaração não fosse assinada (ainda que o pretendente ao emprego fosse um comunista convicto) não havia emprego para ningém.
Oh Dr. Rui Rio, e eu que pensava que, pelo menos nesta matéria, agora os tempos eram outros ...
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