Como aqui tenho referido, toda a euforia, aliás compreensível, que rodeia a boa prestação da nossa selecção no campeonato do mundo de futebol, tem-nos, de certo modo, pelo menos a alguns, feito esquecer tudo o resto que vai acontecendo no país e no mundo, isto é, tudo aquilo que vai para além dos jogos, dos jogadores, das classificações, das análises dos especialistas da modalidade e, naturalmente, do nosso orgulho de portugueses face aos resultados alcançados.
É natural, portanto, que nos lembremos bem de quase todas as incidências do jogo que disputámos ontem com a Inglaterra, do sofrimento que tivémos durante mais de 120 minutos, das três grandes penalidades defendidas pelo nosso Ricardo (um feito, de facto, extraordinário) e pela explosão de alegria no final do jogo de todos os que estavam no campo e no banco, equipa técnica, jogadores e dirigentes.
E com tantas emoções à flôr da pele, passou-nos quase despercebida a demissão do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Professor Freitas do Amaral. No fim dos infindáveis telejornais em que se ouviram até à exaustão todos os herois que se classificaram para as meias finais do Mundial, lá foi dada a notícia que o professor Freitas do Amaral se demitira do governo por motivos imperiosos de saúde que o vão sujeitar a uma intervenção cirúrgica já amanhã.
Neste caso existiram motivos mais do que justificáveis para que José Sócrates procedesse a esta mini-remodelação. Mas se, por acaso, o primeiro-ministro decidisse nesta altura, e aproveitando o “barulho das luzes”, remodelar mais profundamente a equipa governamental, e fala-se insistentemente de vários ministros que até estão na calha para serem substituídos, quem é que daria por isso? Sobretudo em nomes que são menos conhecidos do grande público, provavelmente só depois do dia 9, quando o Mundial fechar as portas, é que os portugueses se dariam conta que certas pastas ministeriais eram tituladas por uns senhores de que nunca tinham ouvido falar.
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