Há anos que faço voluntariado e conheço razoavelmente o nível de pobreza (alimentar e não só) que atinge cada vez mais pessoas no nosso país. E sei também que ao mesmo tempo que existem pessoas comprovadamente carenciadas, continua a haver muito desperdício.
Vejo isso no dia-a-dia mas, mesmo assim, fico chocado quando são publicados na imprensa os números que reflectem essa mesma miséria e aquilo que não se faz, e devia fazer, para minorar a injustiça social.
Em Portugal, em 2009, o Banco Alimentar Contra a Fome apoiou instituições que distribuíram ajuda alimentar a 267 mil pessoas, mais 18 mil do que no ano anterior.
E, enquanto essas pessoas – e o número está a aumentar assustadoramente - necessitam tanto dessa ajuda, continua a verificar-se o desperdício de alimentos em boas condições de consumo que vão parar ao lixo onde muitos vão depois vasculhar, tentando assegurar a sua sobrevivência.
A falta de legislação específica para a doação de bens por parte das empresas e a ausência de consciência social de uma boa parte do tecido empresarial, preocupado como está com questões que têm a ver com a sua própria continuidade, são os principais factores apontados para a existência desta situação. Os excedentes de produção, aqueles bens que não chegam a ser comercializados, são para os agentes económicos apenas lixo enquanto que, se devidamente encaminhados, seriam fundamentais para outros.
Segundo as Nações Unidas mais de 50% dos produtos alimentares produzidos no mundo não são vendidos e acabam por ser deitados fora. O suficiente para alimentar cerca de 50 milhões de pessoas.
É urgente encontrar soluções. Estados, organizações não-governamentais, a sociedade, cada um de nós, todos temos a obrigação de tentar dar a volta a esta calamidade. Não se pode continuar a assistir ao desperdício diário de alimentos quando tantos continuam a preencher e a engrossar o denominado “mapa da fome”.
4 comentários:
"Segundo as Nações Unidas mais de 50% dos produtos alimentares produzidos no mundo não são vendidos e acabam por ser deitados fora. O suficiente para alimentar cerca de 50 milhões de pessoas."
Daqui se conclui que só há 50 milhões de pessoas alimentadas no mundo, pois metade do que é produzido daria para alimentar outros 50 milhões.
Muito interessante.
Não creio, caro Azul, que a sua conclusão esteja correcta. A minha leitura sobre o que as Nações Unidas afirmam é que mais do que 50% dos produtos alimentares produzidos constituem desperdício pelo simples facto de não serem comercializados e que esses excedentes dariam para alimentar cerca de 50 milhões de pessoas. Daí a inferir-se que os outros quarenta e tal por cento de produtos dariam para alimentar apenas outros 50 milhões parece ser abusivo. Não se trata de uma mera equação matemática.
O que me parece razoável pensar é que a produção mundial, numa lógica de mercado, produz muitíssimo mais do que é necessário e, daí, o que sobra, ser em tão grandes quantidades que chegariam para matar a fome aos tais milhões que são citados.
Falta de rigor na gestão e tentativa de lucros acrescidos poderão proporcionar situações como esta.
Mais de 50% dos produtos permitiria alimentar apenas 50 milhões de pessoas. Os restantes 40 e tal porcento permite alimentar toda a população do mundo que come.
Huuuum.
Será que as nações unidas disseram mesmo isso?...
Quando se fala em percentagens, é óbvio que a matemática entra. Convém que os números que se utilizam façam algum sentido.
entao inda bem ke a taxa de natalidade tem vindo a diminuir e espero ke venha a diminuir inda mais.. pelo menos em Portugal
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