Acho um tanto ou quanto exagerado tudo o que se escreveu e ouviu na comunicação social e nos blogues sobre uns eventuais “lapsos” de certas encomendas efectuadas pela Segurança Social. Parece, ao que dizem, que se encomendaram artigos a preços muito acima dos de mercado. E depois? Tanto barulho porque uns rolinhos de fita gomada que nas lojas estão à venda por três euros foram encomendados pelo Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social por 29,6 euros? Ou porque outra entidade da Segurança Social encomendou um marcador preto por 54 euros e outro amarelo por 47,20?
Volto a perguntar: e depois? Afinal, com o que é que esta gente está preocupada? Com o simples facto dos objectos requisitados estarem a ser encomendados a preços muito acima do mercado e muitíssimo mais caros do que nós, comuns mortais sem poder negocial, compraríamos em qualquer hipermercado? Ou será por que se trata de dinheiro dos contribuintes que, uma vez mais, está a ser desbaratado?
Pois embora a Segurança Social tenha justificado o que aconteceu como um “lapso” o que eu acho é que não houve lapso algum. Sistematicamente, e ao longo dos tempos, o que se tem assistido é à falta de rigor na utilização dos dinheiros públicos, à incompetência (sem sanção) das pessoas que têm responsabilidades e à falta de controlo por parte de quem de direito. E eu chamo-lhe incompetência para não lhe chamar fraude.
Só no caso noticiado das fitas gomadas, pagou-se pelas 80 unidades 2 368,00 euros, mais 2 100,00 do que os preços normais. Multipliquem estas verbas por todas as encomendas de todos os serviços do Estado e pensem lá para onde vai o nosso dinheiro. Eu sei que tudo isto não passa de uma gota de água comparado com o que já “enterrámos” no BPN, mas mesmo assim.
Valerá a pena continuar a vociferar? Apesar de tudo acho que sim.
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