Mesmo sem vontade, lá voltamos de novo ao assunto: as notícias sobre a desgraça em que se encontra o nosso país não param. Só no último dia de Janeiro ficámos a saber, através do INE, que o investimento empresarial deverá ter caído 17% em 2011 e o mesmo poderá acontecer este ano. O mesmo INE informou que o índice de produção industrial diminuiu 8,7% em Dezembro em termos homólogos. Por sua vez o Eurostat, indica que Portugal chegou ao fim do ano passado com uma taxa de desemprego oficial de 13,6%, percentagem que é um novo recorde e que incluirá qualquer coisa como 800 mil desempregados. Como se vê, só boas notícias!
Mas se os políticos e as políticas não conseguem inverter esta descida aos infernos, por que não sermos nós um pouco mais intervenientes no dia-a-dia? Fazer pequenas coisas que talvez nos dessem resultados insignificantes mas que, mesmo assim, de alguma forma pudessem ajudar a criar ou a manter alguns postos de trabalho.
Do consumo de produtos portugueses já nem falo, a campanha está em marcha e espero bem que a nossa consciência cívica nos faça alinhar neste “proteccionismo” do que é nosso. Mas estou a lembrar-me, por exemplo, dos postos de portagens das auto-estradas que, para além das Via Verdes e dos meios de pagamento automáticos ainda têm um ou dois portageiros. Mesmo perdendo um pouco mais de tempo não será preferível utilizar aquele posto de trabalho … enquanto isso for possível?
E que tal não levantar os tabuleiros das mesas de algumas marcas conhecidas de restauração para ir arrumá-los nos carrinhos a eles destinados? Não por preguiça, já se vê, mas porque se todos se recusassem a isso, certamente que haveria necessidade de contratar umas tantas pessoas (mesmo a ganhar pouco) que, desta forma, poderiam assegurar o seu sustento. Ainda ontem almocei no H3 do Parque das Nações e vi muitos dos presentes a substituir os (eventuais) empregados destinados a essa função, mesmo sem que ninguém lhes tivesse pedido.
E por que não evitar as “caixas expresso” de certos hipermercados em que são os clientes a tratar de tudo sem intervenção de qualquer funcionário?
Dei apenas alguns exemplos de que me lembrei. Admito que os resultados não sejam por aí além. Se calhar, daqui a pouco, os portageiros acabarão, provavelmente os empregados dos restaurantes trabalharão ainda mais, dividindo-se entre a cozinha e o levantar das mesas e, nos hipers, o futuro passará pela presença única de caixas automáticas. Mas deixem-me ao menos sonhar que, através das nossas pequenas acções, possa existir um pouco mais de humanização (mais gente e menos tecnologia a substituí-la) e que seja possível ajudar quem, no momento, tem um emprego precário ou, simplesmente, está desempregado.
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