quinta-feira, fevereiro 16, 2012

A obesidade física e mental



Percebo que a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil tenha ficado preocupada com o facto de apenas 2% das crianças até aos 10 anos consumirem fruta fresca diariamente. Mas já não entendo que dirijam a responsabilidade dessa lacuna exclusivamente ao consumo da chamada “fast-food”. Toda a gente sabe que as crianças e jovens têm um fascínio por esse tipo de comida e que têm dificuldade em resistir às batatas fritas, aos hambúrgueres e às pizas. Porém, o problema não se fica apenas pelo gosto da rapaziada.


Quanto a mim, existem duas outras questões, igualmente importantes, que têm que ser equacionadas. E ambas têm que ver com as famílias.


A primeira diz respeito ao dinheiro que se gasta com a compra da fruta. Não propriamente pelo preço da fruta em si, mas por que, depois de definidas as prioridades e tendo em conta os magros orçamentos, a fruta não é para muitas famílias um bem de primeiríssima necessidade.


A outra tem a ver com falta de informação de pais e educadores sobre o que deve ser uma alimentação saudável. Por mera desinformação, mas também por comodismo, é, para eles, muito mais fácil empurrar os seus meninos para os Mac’s que pululam por todo o lado do que confeccionar refeições simples, saudáveis e que até não são caras. Dar fruta aos miúdos – mesmo que eles estejam relutantes – nem é tão difícil assim. É só necessário ter imaginação e transformá-la em sumos, batidos, saladas, misturada nas sanduíches, nas espetadas, com queijo fresco, ou seja, devem explorar o consumo da fruta por forma a constituir um alimento mais variado e mais apetecível para as crianças.


E estes dois factores (falta de dinheiro e de informação), conjugados com o cansaço físico e mental e, muitas vezes, o desespero do dia-a-dia de quem tem a obrigação de orientar os jovens, fazem com que se chegue aos tais 2% de miúdos que comem fruta. E se a isto acrescentarmos as horas e horas que as crianças passam em frente dos televisores, dos computadores e das consolas, sem a assistência dos seus educadores, temos um quadro realmente preocupante de obesidade física mas também mental.



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