Fez precisamente um ano na última segunda-feira, dia 20, ainda Sócrates era primeiro-ministro, que a jornalista Maria de Lurdes Vale escrevia no Diário de Notícias uma crónica a que chamou: “Contra os que sempre passaram à frente”. Dizia nomeadamente:
”Terá de haver uma mudança de vida profunda, e já ninguém terá paciência para ser cúmplice de um regime que premeia os amigos e os conhecidos em detrimento dos que tiveram de fazer o caminho à sua própria custa. Ao contrário do que muitos pensam, esta revolta dos jovens de hoje talvez seja a primeira depois do 25 de Abril que tem pés e cabeça”
Como muitos não saberão quem é a estimada jornalista, sempre lhes digo que Maria de Lurdes Vale, depois de ter estado no Diário de Notícias, foi nomeada assessora de imprensa do Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira (com vencimento equiparado a Director-Geral: 3900 euros por mês, acrescidos de ajudas de custo e subsídios de alimentação, Natal e férias) e está agora na Administração do Turismo de Portugal, um Instituto Público.
Dado que não conheço a senhora, não me atrevo a fazer juízos de valor sobre as suas capacidades e competências. Porém, não posso deixar de realçar a subida meteórica e incomum, que conseguiu em tão curto espaço de tempo. Quando há um ano se revoltava - “já ninguém terá paciência para ser cúmplice de um regime que premeia os amigos e os conhecidos em detrimento dos que tiveram de fazer o caminho à sua própria custa” - provavelmente estava a fazer futurologia sobre o seu próprio trajecto. Se calhar também ela foi premiada por ser amiga ou conhecida de alguém e, quem sabe, em detrimento dos que tiveram de fazer o caminho à sua própria custa.
É o pesadelo das palavras escritas. E não há como fugir a elas.
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