O caso que comento hoje é apenas um que veio nos jornais (muitos outros estarão no segredo dos deuses) e que representa bem a incompetência, a ligeireza e o despudor com que se tratam os dinheiros públicos.
Sabe-se que o Banif recorreu aos fundos públicos de recapitalização, tendo o Estado lá metido 1100 milhões de euros. Ou seja, como não detinha o dinheiro suficiente para cumprir os rácios a que era obrigado, pediu-nos - ao Estado, portanto, a nós cidadãos - que interviéssemos dando-lhes dinheiro. O Banif é pois um banco intervencionado e o Estado português passou a deter 99,2% do banco.
Independentemente de julgarmos oportuna (ou não) essa intervenção, o pior foi quando soubemos que - apesar da aflição em que se encontrava e de ainda estar vivo porque nós o salvámos - que uma administradora (Conceição Leal, na foto acima) que era a responsável da delegação no Brasil (de onde o Banif, apesar de ter uma operação muito pequena, vai sair porque a coisa correu bastante mal) recebeu, em 2012, um prémio de gestão de 533,7 mil euros, a que juntou 448,6 mil euros de salário, num total de 982,3 mil euros. O triplo do que ganhou o próprio presidente do banco e mais, muito mais, de qualquer outro banqueiro em Portugal.
Um banco em que metemos tanto do nosso dinheiro a pagar um prémio milionário a uma administradora cuja gestão é, no mínimo, questionável. Só podem estar a gozar connosco.
Percebem, agora, porque é que se têm que fazer "cortes" nos salários e pensões dos funcionários do Estado e dos pensionistas e reformados?
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