Ainda se lembram dos tão falados 4 mil milhões que o Estado tinha absoluta necessidade de "cortar", só não se sabia bem onde? Pois bem, esqueçam esses 4 mil milhões que já não chegam para satisfazer os nossos compromissos. Com as desculpas do chumbo do Tribunal Constitucional e outras, o Governo anunciou na semana passada que vai avançar com medidas de consolidação orçamental que ascenderão pelo menos a 6,5 mil milhões de euros até final de 2016.
Notem que este "pelo menos" é relevante porque pode muito bem acontecer que ainda haja necessidade de que os "cortes" vão bastante mais além. Coisa que, aliás, não nos surpreende, já estamos tão habituados a que nenhuma previsão seja cumprida. Esta pode ser só mais uma.
Mas é igualmente relevante que este anúncio de um corte mais crescido, que consta no DEO - Documento de Estratégia Orçamental - tenha sido desenhado com base em "ses": se a procura externa subir, se o preço do petróleo baixar, se as taxas de juro de curto prazo estabilizarem, se o euro continuar a par do dólar, se as exportações aumentarem, se o consumo interno aumentar ... se, se, se ... incertezas atrás de incertezas.
Para além do documento ter por base tantas suposições e de ser um tanto ou quanto vago e de vigência superior à do actual Governo, achei estranho que fosse completamente contraditório com um outro documento - Estratégia de Crescimento Económico - apresentado pelo Ministro da Economia uns dias antes.
Uma inconsistência governamental que já vai sendo costumeira.
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